“Não houve má intenção”, nem nenhum “plano maléfico para dominar o mundo”, embora “outras pessoas possam dizer o contrário”. Foi assim que Daniela Braga, fundadora da Defined.ai (antiga DefinedCrowd), reagiu ao mais recente escândalo a envolver o Facebook (e as denúncias de que a rede social foi construída para criar dependência e promover a discórdia). O tema continua a marcar esta edição da cimeira tecnológica (aliás, a denunciante Frances Haugen subiu ao palco principal logo no primeiro dia).

Numa conferência de imprensa na Web Summit, questionada sobre o que pensa das mais recentes acusações dirigidas ao Facebook, a empreendedora começou por dizer que costuma evitar tecer comentários sobre o assunto, uma vez que se trata de “clientes”. Mas acredita não ter existido “má intenção”.

“Não houve má intenção envolvida, tenho de dizer isso, embora outras pessoas possam dizer o contrário. Quando estás numa equipa de milhares de pessoas a construir o melhor motor de busca, o melhor motor personalizado, o que realmente te interessa, o que te entusiasma, é o desenvolvimento da tecnologia. E queres que os utilizadores gostem das ferramentas e dos produtos que estamos a desenvolver para eles. Ninguém está a esse nível a pensar num plano maléfico para dominar o mundo, especialmente na última década“, disse.

Na visão de Daniela Braga, algumas empresas, as maiores tecnológicas, “tiveram sorte em fazer um progresso enorme, e a Humanidade deve agradecer-lhes isso”. “Porque nunca conseguiríamos, ao nível de investigação, estar onde estamos hoje, se não tivéssemos tido esse empurrão. Acontece que foram essas “grandes cinco” [Big 5: Amazon, Apple, Google, Facebook e Microsoft], mas podia ter acontecido com qualquer um, não havia regras na altura”.

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Referindo-se às “cinco grandes empresas tecnológicas”, diz que, nas universidades, “este tipo de investigação nunca teria existido ao nível a que foi feito”. “Ninguém provavelmente teve má intenção durante esse processo. Apenas não havia regulação ou ética envolvida na altura. Agora que o fizémos, o mundo quer certificar-se, ter padrões”, defendeu ainda.

A empresária pertence à task force que ajuda a Casa Branca na construção da estratégia do país para lidar com a inteligência artificial, a “National Artificial Intelligence Research Resource Task Force”. Questionada sobre o assunto, diz que o seu papel é representar o segmento das pequenas e médias empresas nos EUA que podem ter acesso à inteligência artificial. “A minha função é criar diretrizes, certificações de padrões e permitir uma democratização das nossas ferramentas de dados e modelos, nossas e de todas as indústrias.”

Braga defende ainda a criação de “subcomités” para cada indústria que permitam às grandes instituições de investigação e universidades desenvolver a inteligência artificial mais rapidamente”.

A empresária voltou ainda a anunciar, na conferência de imprensa, o novo nome da empresa que fundou — de DefinedCrowd para Defined.ai, uma mudança que representa uma “resposta ao crescimento contínuo da empresa e à evolução do desenvolvimento da inteligência artificial”.