O diário francês Le Monde dedica o seu editorial desta quinta-feira à crise política portuguesa e deixa palavras duras para os partidos de esquerda, que acusa de poderem estar a criar as condições para a promoção da extrema-direita em Portugal.
“O rompimento da aliança da esquerda portuguesa é um cenário de alto risco”, avisam os editoralistas do Le Monde, apontando para a “tentação” do centro-direita se aliar à extrema-direita.
Ao brincar com o fogo, a esquerda pode ter-se auto-excluído permanentemente do poder e também ter favorecido a emergência de uma formação política abertamente xenófoba, apoiada por Marine Le Pen”, diz o editorial, referindo-se ao Chega de André Ventura.
Num artigo onde é explicado o contexto que levou ao chumbo do Orçamento do Estado, a geringonça é ainda apelidada de “milagre” por ter conseguido unir os “irmãos inimigos” da esquerda, PCP e BE e elogiada por ter conseguido provar “que uma coligação de esquerda consegue governar com estabilidade um país da União Europeia”.
O fim dessa experiência é visto pelo jornal como um sinal negativo, não apenas para Portugal mas também para o resto da UE: “Através do seu comportamento, os líderes da esquerda portuguesa parecem enviar uma mensagem a contrario aos seus amigos noutros países europeus sobre a importância da unidade”, escrevem os editorialistas, que avisam o eleitorado francês de esquerda de que esteve estar atento à “competição desastrosa” que já ocorre na preparação das presidenciais francesas de 2022.