A farmacêutica Pfizer anunciou esta sexta-feira que o comprimido experimental que está a desenvolver contra a Covid-19 reduziu o risco de hospitalização e de morte em 89% nas pessoas de maior risco que ficaram infetadas com o SARS-CoV-2.

Em comunicado, a Pfizer explica que o medicamento administrado seguiu um plano de toma de cinco dias, bloqueando a enzima de que o SARS-CoV-2 precisa para se replicar. O efeito foi de tal forma “impressionante” que um comité independente que monitoriza os ensaios clínicos recomendou que o processo parasse antes de tempo. A Pfizer ainda não divulgou o estudo em concreto, mas adianta que irá submeter os dados aos reguladores “assim que possível”.

Os participantes no estudo foram pessoas com um diagnóstico positivo de infeção com o SARS-CoV-2, com sintomas leves a moderados e que tivessem pelo menos uma condição médica associada a um maior risco de desenvolverem doença severa. Os resultados podem, por isso, apenas aplicar-se a esses grupos de maior risco.

Segundo o comunicado, o Paxlovid, como se chama o antiviral, “reduziu significativamente as hospitalizações e mortes” em doentes que estão em “risco elevado de progredir para doença severa”. “A análise provisória mostrou uma redução de 89% no risco de hospitalização ou morte relacionada com a Covid-19 em comparação com o placebo em pacientes tratados dentro de três dias após o início dos sintomas”, lê-se.

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Metade da amostra recebeu o medicamento e a outra metade um placebo. Entre as 389 pessoas que tomaram o fármaco, foram reportadas três hospitalizações e nenhuma morte. Já entre os 385 que receberam o placebo, houve 27 hospitalizações e sete mortes. O comprimido deverá vir a poder ser prescrito assim que forem detetados os primeiros sintomas ou em caso de exposição ao vírus, “potencialmente ajudando os pacientes a evitar doença severa que pode levar a hospitalização e morte”.

Também houve pacientes a receber o comprimido nos cinco dias (e não três) após o início dos sintomas, também com sinais de eficácia. Das 600 pessoas que o tomaram nestas condições, seis foram hospitalizadas; entre as 600 que receberam o placebo, houve 41 internamentos e dez mortes.

Os efeitos secundários foram sobretudo leves e semelhantes entre quem recebem o fármacos e quem tomou o placebo. Segundo o The Washington Post, a Pfizer já começou a produzir o medicamento e espera ter fabricado mais de 180.000 embalagens até ao final deste ano.

Annaliesa Anderson, responsável da Pfizer pelo desenvolvimento do medicamento, disse esperar que o Paxlovid tenha “um grande impacto” ao ajudar a um regresso à normalidade e permitir ver “o fim da pandemia”.

Se aprovado, este seria o segundo comprimido antiviral já desenvolvido. A Merck anunciou, há um mês, que o medicamento que produziu, o molnupiravir, cortou o risco de hospitalização ou morte em metade, igualmente em doentes de alto risco.