Os músicos Travis Scott e Drake vão ser processados por participantes do concerto no Astroworld que matou, pelo menos, oito pessoas e deixou várias pessoas feridas, noticiou o Daily Mail que teve acesso à queixa de um deles. A firma de advogados Thomas J. Henry Law diz ter vários processos em preparação.

Um dos clientes desta firma é Kristian Paredes, de 23 anos. O jovem de Austin (Texas) processou os rappers por ter ficado “gravemente ferido” e exige mais de um milhão de dólares. Paredes considera os músicos culpados pelo incidente por terem incitado a audiência à situação caótica que se originou e por não terem parado apesar do desenrolar dos acontecimentos — mesmo com ambulâncias no meio da arena a tentar socorrer as pessoas.

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A queixa por negligência segue contra os rappers — cujos nomes reais são Jacques Bermon Webster (Travis Scott) e Aubrey Drake Graham (Drake) —, mas também contra a produtora de eventos Live Nation Entertainment Inc. e a empresa que gere o estádio onde decorreu o festival, Harris County Sports and Convention Corporation.

Um outro processo foi desencadeado por Manuel Souza, segundo a Fox News. Neste caso, o espectador acusa Travis Scott assim como os “proprietários, operadores, promotores, representantes de relações públicas, e/ou organizadores do concerto e/ou proprietários proprietários e operadores das instalações” de “desrespeito consciente pelo risco extremo de danos aos festivaleiros que tinham vindo a aumentar horas antes”.

No processo é citado um tweet do rapper, datado de 5 de maio, onde o músico dava a entender que, mesmo com os bilhetes já totalmente esgotados naquela altura, seria possível “infiltrar os selvagens”. O processo acusa o músico de ter incitado os fãs a quebrar as barreiras de segurança.

O Fox News indica ainda a existência de um terceiro processo, interposto por Noah Gutierrez, de 21 anos, e o advogado Ben Crump (que já representou as famílias das vítimas de violência policial George Floyd e Breonna Taylor).

Drake New York Performance

Travis Scott (à esquerda) e Drake numa festa em 2013 — Johnny Nunez/Getty Images

O caos que poderia gerar-se durante o concerto da megaestrela local era esperado pelos organizadores e pelas autoridades locais e o plano de segurança estava previsto num documento de 56 páginas que se mostrou insuficiente. Horas antes do concerto de Travis Scott, o chefe da polícia de Houston, Troy Finner, que conhece o músico, alertou-o para “a energia da audiência”, disse uma fonte ao The New York Times.

A Polícia e Departamento de Bombeiros de Houston estão agora a investigar o que aconteceu no concerto, que começou às 21 horas com a audiência a entrar no recinto completamente descontrolada e com o músico a manter a atuação, pelo menos, mais meia hora depois dos incidentes mais graves, como pessoas feridas. Mais de 60 ambulâncias foram chamadas ao local.

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As autoridades locais dizem que detetaram que haveria um problema, mas não tinham como travar o concerto sem provocar uma revolta da audiência já descontrolada e defendem que teria de ser o músico e os organizadores a interromperem o espetáculo.

Algumas testemunhas, que assistiam ao concerto e foram levadas pela multidão, contam que pediram ajuda aos seguranças contratados pela produtora, mas que estes não os ajudaram, e que os profissionais de saúde que estavam no local não estavam preparados para lidar com uma situação deste tipo. Uma enfermeira entre os feridos contou que nem sequer estavam a fazer o suporte básico de vida corretamente.

Este não é o primeiro incidente em concertos de Travis Scott, mas os alegados delitos resultaram em condenações menores. Em 2015, deu-se como culpado por ter incentivado os fãs a saltar as barreiras de segurança junto ao palco em Lollapalooza (Chicago). Em 2017, voltou a incentivar os fãs a contornar a segurança num espetáculo no Arkansas — e, pelo menos, um participante caiu de uma varanda e ficou paraplégico. E, em 2019, uma debandada num concerto deixou, pelo menos três pessoas feridas.