Os músicos Travis Scott e Drake vão ser processados por participantes do concerto no Astroworld que matou, pelo menos, oito pessoas e deixou várias pessoas feridas, noticiou o Daily Mail que teve acesso à queixa de um deles. A firma de advogados Thomas J. Henry Law diz ter vários processos em preparação.
Thomas J. Henry Law is now representing multiple victims of the Travis Scott Astroworld Festival tragedy. If you or a loved one was injured in the Astroworld festival tragedy call 866-340-0555 to speak with an attorney immediately. pic.twitter.com/fDcJt4OmZc
— Thomas J. Henry Law (@thomasjhenrylaw) November 8, 2021
Um dos clientes desta firma é Kristian Paredes, de 23 anos. O jovem de Austin (Texas) processou os rappers por ter ficado “gravemente ferido” e exige mais de um milhão de dólares. Paredes considera os músicos culpados pelo incidente por terem incitado a audiência à situação caótica que se originou e por não terem parado apesar do desenrolar dos acontecimentos — mesmo com ambulâncias no meio da arena a tentar socorrer as pessoas.
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A queixa por negligência segue contra os rappers — cujos nomes reais são Jacques Bermon Webster (Travis Scott) e Aubrey Drake Graham (Drake) —, mas também contra a produtora de eventos Live Nation Entertainment Inc. e a empresa que gere o estádio onde decorreu o festival, Harris County Sports and Convention Corporation.
Um outro processo foi desencadeado por Manuel Souza, segundo a Fox News. Neste caso, o espectador acusa Travis Scott assim como os “proprietários, operadores, promotores, representantes de relações públicas, e/ou organizadores do concerto e/ou proprietários proprietários e operadores das instalações” de “desrespeito consciente pelo risco extremo de danos aos festivaleiros que tinham vindo a aumentar horas antes”.
No processo é citado um tweet do rapper, datado de 5 de maio, onde o músico dava a entender que, mesmo com os bilhetes já totalmente esgotados naquela altura, seria possível “infiltrar os selvagens”. O processo acusa o músico de ter incitado os fãs a quebrar as barreiras de segurança.
O Fox News indica ainda a existência de um terceiro processo, interposto por Noah Gutierrez, de 21 anos, e o advogado Ben Crump (que já representou as famílias das vítimas de violência policial George Floyd e Breonna Taylor).
O caos que poderia gerar-se durante o concerto da megaestrela local era esperado pelos organizadores e pelas autoridades locais e o plano de segurança estava previsto num documento de 56 páginas que se mostrou insuficiente. Horas antes do concerto de Travis Scott, o chefe da polícia de Houston, Troy Finner, que conhece o músico, alertou-o para “a energia da audiência”, disse uma fonte ao The New York Times.
A Polícia e Departamento de Bombeiros de Houston estão agora a investigar o que aconteceu no concerto, que começou às 21 horas com a audiência a entrar no recinto completamente descontrolada e com o músico a manter a atuação, pelo menos, mais meia hora depois dos incidentes mais graves, como pessoas feridas. Mais de 60 ambulâncias foram chamadas ao local.
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As autoridades locais dizem que detetaram que haveria um problema, mas não tinham como travar o concerto sem provocar uma revolta da audiência já descontrolada e defendem que teria de ser o músico e os organizadores a interromperem o espetáculo.
Algumas testemunhas, que assistiam ao concerto e foram levadas pela multidão, contam que pediram ajuda aos seguranças contratados pela produtora, mas que estes não os ajudaram, e que os profissionais de saúde que estavam no local não estavam preparados para lidar com uma situação deste tipo. Uma enfermeira entre os feridos contou que nem sequer estavam a fazer o suporte básico de vida corretamente.
Este não é o primeiro incidente em concertos de Travis Scott, mas os alegados delitos resultaram em condenações menores. Em 2015, deu-se como culpado por ter incentivado os fãs a saltar as barreiras de segurança junto ao palco em Lollapalooza (Chicago). Em 2017, voltou a incentivar os fãs a contornar a segurança num espetáculo no Arkansas — e, pelo menos, um participante caiu de uma varanda e ficou paraplégico. E, em 2019, uma debandada num concerto deixou, pelo menos três pessoas feridas.