O ministro Manuel Heitor disse esta terça-feira que Portugal está aberto à colaboração científica e tecnológica com a China, mantendo “a sua natureza e ADN europeus”.

O ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior falava em Aveiro no lançamento de uma infraestrutura de rede 5G (quinta geração) que irá funcionar como laboratório de experimentação para estudantes e empresas, patrocinada pelo gigante chinês Huawei.

Dirigindo-se ao representante da empresa em Portugal, Tony Li, Manuel Heitor agradeceu a colaboração, dizendo ser um projeto “importante certamente em Aveiro, em Portugal e na Europa, sendo o posicionamento de Portugal na Europa sempre um posicionamento aberto ao mundo”.

“O sinal que queremos dar é que Portugal está sempre aberto à colaboração, certamente mantendo a nossa mentalidade, natureza e ADN europeus, mas sempre aberto à colaboração e interessado em atrair empresas chinesas e investimento estrangeiro direto”, disse.

A Huawei Portugal, a Universidade de Aveiro e o Instituto de Telecomunicações inauguraram esta terça-feira o denominado “5GAIner — 5G + IA Networks Reliability Centre”, uma infraestrutura implantada para “facilitar o desenvolvimento e experimentação de soluções no contexto das redes de quinta geração e novas ferramentas de Inteligência Artificial”.

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O “5G + IA Networks Reliability Centre” estará à disposição da comunidade académica e científica nacional, bem como ao serviço do empreendedorismo e inovação.

No seu discurso, o ministro sublinhou que “o acesso à informação, a capacidade de processar informação e, sobretudo, quantidades massivas de informação depende, sobretudo da disponibilidade de redes de comunicação fiáveis e seguras que os protocolos 5G tendem a favorecer, não apenas em zonas de alta densidade populacional, mas eventualmente também em zonas de baixa densidade populacional, incluindo também em zonas remotas, como no próprio Oceano Atlântico”.

“As tecnologias 5G são efetivamente uma esperança em Portugal, na Europa e no mundo, sobretudo quando conjugadas com sistemas de processamento avançados de informação, entre os quais as tecnologias e as metodologias de inteligência artificial”, declarou.

O reitor da Universidade de Aveiro, Paulo Jorge Ferreira, disse tratar-se de “um dia da maior importância para a Universidade Aveiro, para o Instituto de Telecomunicações e para Huawei”.

“Sabemos que estamos em plena transição digital e que o seu impacto está a mudar o país, a sociedade, a indústria e, por isso, dotarmos de condições para continuar na frente e conseguir dirigir essa força transformadora é da maior importância para a instituição, para a região, para as suas empresas, e para o país”, afirmou.

João Paulo Ferreira lembrou que o percurso da Universidade, desde os anos 50, foi marcado pelo “envolvimento ativo nas comunicações”, concluindo que “existem na acumulação de conhecimento na Universidade e no Instituto de Telecomunicações condições ideais” para acolher a iniciativa.

“Olhando para o nosso tecido industrial e a sua constituição, encontramos um conjunto de empresas com um estado de maturidade suficientemente elevado para poderem acolher, desenvolver, e potenciar esses desenvolvimentos e essas condições”, completou.

José Carlos Pedro, presidente do Instituto de Telecomunicações (IT), considerou que “a inauguração do projeto, dedicado à quinta geração de comunicações e à inteligência artificial, é mais uma prova de que a crítica de que em Portugal a Academia e a Indústria andam de costas voltadas é, felizmente, cada vez menos verdadeira”.

“Ao contrário do que muitas vezes acontece no nosso país, não estamos hoje [esta terça-feira] a inaugurar uma ideia, um conjunto mais ou menos abstrato de boas intenções financiadas com fundos públicos, mas sim, como inicialmente planeado, uma infraestrutura tecnológica destinada a servir a investigação científica, o ensino e a indústria, totalmente financiada por um agente privado que, naturalmente agradecemos”, observou.

Segundo adiantou José Carlos Pedro, o “5G + IA Networks Reliability Centre” arranca com prestação de serviços a quatro projetos de investigação e desenvolvimento, e conseguiu já atrair duas empresas, que desejam tirar partido das novas tecnologias da inteligência artificial e da Internet das Coisas para melhorar a qualidade e a eficiência das suas operações”.