Angela Merkel é homenageada esta quinta-feira pelas forças armadas da Alemanha com a tradicional cerimónia de despedida, depois de 16 anos como chanceler e a poucos dias da prevista tomada de posse do novo governo.
Devido às restrições impostas por causa da pandemia de Covid-19, a celebração terá um número limitado de participantes, não superando as duas dezenas.
Tal como é habitual, a ainda líder do executivo alemão pôde escolher a banda sonora que vai ser tocada pela banda das Forças Armadas alemãs (Bundeswehr).
Da playlist escolhida e revelada pela agência Deutsche Welle (DW), faz parte a música “Für much soll’s rote Rosen regnen” (Choverão rosas vermelhas para mim, em tradução livre), de Hildegard Knef, atriz e cantora da Alemanha Ocidental nos anos 60 e 70.
Outra das canções selecionadas por Merkel, filha de um pastor luterano, crescida na Alemanha Oriental, foi “Du hast den Farbfilm vergessen” (Esqueceste o filme a cores, em tradução livre) do ícone punk Nina Hagen.
A poucos dias da sua saída de cena, Merkel já fez vários balanços da última década e meia, mas falou pouco do futuro.
A mulher forte da União Democrata-Cristã (CDU) atravessou três grandes crises, a recessão de 2008, a crise migratória em 2015, e a pandemia de Covid-19 em 2020 e 2021.
À DW, revelou que a “crise dos refugiados e a pandemia” foram “os maiores desafios” que teve de enfrentar.
Ao longo das suas quatro legislaturas, viu passar três presidentes espanhóis, quatro franceses, quatro norte-americanos, cinco primeiros-ministros britânicos e oito italianos. Transformou-se na líder mais firme e com mais tempo no poder de toda a União Europeia (UE).
Quando anunciou que não se recandidataria à chancelaria foi precisamente para o Conselho da UE que se pensou que poderia ir, mas tratou-se apenas de um boato.
Durante uma visita a Washington em julho e mais uma vez questionada sobre os seus planos para a reforma, Angela Merkel revelou que, para já, vai fazer uma pausa e não pretende aceitar qualquer convite. Usará o tempo para aceitar que as suas funções prévias terão de ser desempenhadas “por outra pessoa”, declarou.
“Acho que vou gostar muito disso”, acrescentou.
Como chanceler, Merkel ganha 25.000 euros por mês. A isso, juntam-se 10.000 euros por ser membro do parlamento alemão (Bundestag), cargo que já desempenha há mais de 30 anos. Quando abandonar as suas funções, Merkel vai continuar a receber o seu salário completo durante três meses e depois um vencimento de transição de metade do seu salário atual durante um período máximo de 21 meses.
Contas feitas pela DW, a reforma de Angela Merkel deverá ser de 15.000 euros por mês. Além disso, terá direito a segurança privada e a um carro com motorista para o resto da vida.