A Universidade do Porto lidera um projeto internacional que, com um orçamento de 12 milhões de euros, pretende investigar a adesão terapêutica e desenvolver métodos que permitam avaliar e perceber os fatores que afetam este processo, foi revelado esta sexta-feira.

Em comunicado, a Universidade do Porto (U. Porto) esclarece que o objetivo do projeto da Innovative Medicines Initiative (IMI), intitulado BEAMER, visa melhorar a adesão terapêutica.

O projeto, que reúne 28 parceiros da academia, sociedade civil e indústria, bem como a Pfizer e a Merck KGaA, arrancou em setembro e vai, nos próximos cinco anos, debruçar-se sobre a adesão dos pacientes aos tratamentos.

Anualmente, a não adesão terapêutica contribui para cerca de 200 mil mortes prematuras na União Europeia, colocando um “fardo económico extra” nos sistemas de saúde, com custos que podem ascender aos 125 mil milhões de euros, resultado de hospitalizações “evitáveis” e idas aos serviços de urgência e consulta externa.

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Citado na nota, o coordenador do projeto e diretor do Centro de Competências em Envelhecimento Ativo Saudável (Porto4Ageing) da U. Porto, Elísio Costa, salienta que a não adesão terapêutica é “um problema de saúde pública, com um impacto significativo na qualidade de vida e estado de saúde dos pacientes“.

“Para ultrapassarmos este desafio, precisamos de compreender melhor os fatores por trás da não adesão e trabalhar em estreita colaboração com os pacientes e os profissionais de saúde”, observa.

Apesar da investigação evidenciar um aumento da adesão aos tratamentos em doenças específicas, “existe ainda pouca informação sobre como o fazer de forma mais holística e generalizada”, salienta a U. Porto.

Nesse sentido, o projeto BEAMER pretende explorar, “de forma abrangente”, os fatores que afetam a adesão dos pacientes independentemente da área terapêutica, assim como “promover o desenvolvimento de soluções com impacto em contexto real”.

Para concretizar os objetivos, o consórcio vai criar um “modelo generalista” dos fatores que influenciam a não adesão terapêutica, tendo em conta teorias comportamentais.

Tal, permitirá “identificar os principais fatores e desenvolver orientações para a criação de soluções que vão diretamente ao encontro das necessidades dos pacientes”, refere a U. Porto.

O modelo será adaptável e terá em conta dados específicos para cada doença, por forma a “aumentar a capacidade de previsão e otimizar as estratégias de apoio” aos doentes.

Também citada na nota, a líder da equipa de engenharia da Pfizer e líder industrial do projeto, Claire Everitt, salienta que o projeto tem potencial para “melhorar a adesão ao tratamento de pacientes com as mais variadas doenças e de todos os quadrantes da sociedade”.

Os impactos positivos do desenvolvimento de melhores medicamentos e métodos de diagnóstico perdem-se significativamente se os pacientes não seguirem o regime de tratamento prescrito. Esperamos que este projeto forneça as ferramentas que ajudarão a indústria, médicos e sistemas de saúde a melhorar as taxas de adesão aos tratamentos”, acrescenta.

Já a gestora de projetos internacionais do Porto4Ageing, Joana Carrilho, observa que a liderança do projeto é uma “excelente oportunidade para a U. Porto e para a região” mostrarem a “elevada qualidade da ciência que se faz em Portugal e no Porto”.

O projeto BEAMER, apoiado pelo programa para a investigação e inovação do Horizonte 2020 da União Europeia, pela Federação Europeia de Indústrias e Associações Farmacêuticas (EFPIA) e pelo Link2Trials, recebeu financiamento ao abrigo da IMI 2 Joint Undertaking.