O Manchester City já tinha garantido a passagem no primeiro lugar do grupo, o PSG sabia também que já estava nos oitavos mas como segundo classificado e não cabeça de série. O último encontro entre ambos, no Etihad, resolveu por completo as contas no que toca às duas posições cimeiras mas, como reflexo da fase que ambos os clubes vivem, enquanto Guardiola aproveitou o jogo na Alemanha frente ao RB Leipzig para rodar todos os jogadores, Pochettino fez poucas ou nenhumas poupanças na receção a Club Brugge. Ou seja, e com Neymar lesionado, Messi e Mbappé foram titulares. E o francês demorou menos de sete minutos para mostrar que terá tanto ou mais protagonismo nas próximas semanas do que o argentino.

Entre libras e euros, foi Sterling a dar o mote numa vitória que deu trabalho

O avançado foi esta semana notícia numa cadência quase diária. Na apresentação da banda desenhada autobiográfica “Je m’apelle Kylian”, o jogador recordou a passagem que teve pelo Real Madrid antes de brilhar no Mónaco, nos tempos em que tinha o quarto forrado com posters de Cristiano Ronaldo. “Tinha medo. Passo de Bondy a que Zidane me convide para entrar no seu carro… Não tinha a certeza de como me expressar. Portanto, a primeira coisa que me veio à cabeça… Foi um bom momento. Se me ofereci para tirar os sapatos? Sim, estava dentro do carro. Mas não posso dizer muito, senão não leem o livro…”, revelou. “A coisa mais engraçada? Ah, sim, comi bananas a semana toda”, acrescentou ainda.

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Mais tarde, Mbappé foi protagonista numa entrevista de Thierry Henry para o programa Dimanche Sour da Amazon Vídeo. Primeiro, quando confidenciou que já sabe falar espanhol. “O teu inglês é bom e o teu espanhol também?», questionou o antigo avançado. “É muito bom. Sempre quis ser um grande jogador e uma personagem pública importante. Não podes querer ser uma estrela internacional e falar apenas francês. Isso não faz sentido nenhum. Se chegas a Espanha e sabes falar vai correr melhor”, disse.

De seguida, o jovem jogador falou também da saída abortada para Madrid e do que significa jogar num tridente ofensivo com Messi e Neymar. “O meu futuro? Não é fácil. Aconteça o que acontecer, vou jogar num grande clube. As pessoas perguntaram-me se fiquei desapontado com essa situação. Um pouco, especialmente no início, mas adoro o PSG. Sou Paris mas queria experimentar outra coisa. Ataque? Sim, não podemos esconder que que podemos melhorar, estamos conscientes de que temos de fazer mais quando temos jogadores deste nível”, salientou. E os ecos das declarações não demoraram muito.

Por altura da entrega da Bola de Ouro a Messi numa gala que até foi dominada de certa forma pelo Barça (Alexia Patellas e Pedri), o Mundo Deportivo contava um episódio curioso dos bastidores do evento em que explicava como o PSG tinha montado quase uma espécie de guarda pretoriana para evitar qualquer tipo de contacto do jogador com o Real Madrid, neste caso com o ex-avançado e diretor das Relações Institucionais Emílio Butrageño. Nessa ocasião, os franceses tiveram sucesso; na renovação, nem por isso. E faltam só três semanas para Mbappé poder assinar livre por qualquer clube (que é como quem diz, faltam três semanas para os espanhóis avançarem com o que têm há muito preparado). Até lá, ele joga. E muito.

A necessitar de um triunfo para apagar a série de apenas uma vitória nos últimos quatro jogos, o PSG foi com tudo para o jogo com o Club Brugge e Mbappé demorou menos de sete minutos para bisar no jogo, tornando-se também com isso o mais novo de sempre a chegar aos 30 golos na Champions (já 31): aos 71 segundos, na sequência de um desvio de Mignolet após cruzamento de Nuno Mendes, o avançado fez a recarga na área e inaugurou o marcador; aos 7′, rematou de primeira após passe de Di María para o 2-0. Os belgas estavam perdidos em campo e, já depois de grandes defesas de Mignolet e falhanços pouco comuns, Messi aumentou para 3-0 antes do intervalo após grande arrancada de Mbappé (38′).

Ao todo, o francês leva 46 golos em 2021 entre clube e seleção, sendo o segundo melhor marcador entre as principais ligas apenas atrás do inevitável Robert Lewandowski (e ainda fez 20 assistências). E esses 45 minutos acabariam por marcar a partida, que no segundo tempo chegou a ter mesmo assobios no Parque dos Príncipes perante os momentos de passividade que ainda obrigaram Donnarumma a defesas difíceis entre a má notícia que foi a saída por lesão de Nuno Mendes pouco depois do intervalo. Mats Rits, na sequência de uma transição com muita permissividade dos franceses, reduziu para 3-1 (67′), que acordou o PSG no plano ofensivo até ao 4-1 final de Lionel Messi no seguimento de uma grande penalidade (76′).

Na Alemanha, o filme foi bem diferente com vantagem para o RB Leipzig na luta que estava ainda em aberto pelo terceiro lugar e consequente apuramento para a Liga Europa: o Manchester City rodou por completo a equipa, com Rúben Dias a começar no banco e João Cancelo e Bernardo Silva a ficarem mesmo de fora das opções, e os germânicos aproveitaram para ganhar vantagem na primeira parte por Szoboszlai (24′) antes da reação no segundo tempo dos ingleses que foi travada pelo 2-0 de André Silva (71′), a coroar da melhor forma a estreia do treinador interino, Achim Beierlorzer, que substituiu Jesse Marsch. O máximo que o campeão inglês conseguiu foi reduzir por Mahrez (76′) antes da expulsão de Kyle Walker.