A presença na Europa já estava garantida, mas há jogos e jogos, eliminatórias e eliminatórias. O Sp. Braga recebia esta quinta-feira o Estrela Vermelha e tendo em conta o contexto de continuação da caminhada europeia, só a vitória interessava para evitar um trilho mais rochoso. Vitória era igual a oitavos de final da Liga Europa e caso isso não acontecesse, consoante o resultado do Midtjylland no campo do Ludogorets, os guerreiros do Minho podiam competir com uma equipa ex-Champions (segundo lugar do grupo) ou cair para a Liga Conferência se ficasse no terceiro posto.

A estatística dizia que… ao fim ao cabo ninguém era favorito, pelo menos nos números. Em casa, na pedreira, o Sp. Braga vencia há cinco jogos, não perdia há dez e marcou 19 golos nos últimos cinco encontros caseiros. Além disso, venceu os dois encontros da competição disputados em Portugal. O Estrela Vermelha? Seis vitórias consecutivas, marcava fora de casa há uma dúzia de jogos e ainda não perdeu fora nesta edição da Liga Europa. Os números valem o que valem, mas eram estes e falavam em equilíbrio.

Para Carlos Carvalhal, treinador dos bracarenses, o “Estrela Vermelha está a um nível idêntico” ao que tinha quando as equipas se defrontaram há cerca de três meses (derrota dos minhotos por 2-1), mas o Sp. Braga não. “Nós estamos muito melhor do que quando fomos jogar à Sérvia e os resultados atestam isso. Temos conseguido vitórias, golos, um equilíbrio muito grande, 19 golos e três sofridos nos últimos jogos”, garantiu e enumerou o técnico português, que tem os seus pupilos “confiantes no ponto certo”. “Não é confiança de exuberância, mas nas nossas capacidades e no que podemos fazer. Se for assim, vamos conseguir o primeiro lugar do grupo, esse é o nosso grande objetivo”, acrescentou confiante.

Com o Estrela Vermelha a precisar apenas do empate para se apurar no primeiro lugar, Carvalhal frisou que “quem tem possibilidade de conseguir dois resultados em três, tem mais algumas cautelas”. “Mas nós não vamos deixar de as ter também porque só podemos vencer se formos equilibrados. O adversário tem uma maturidade muito grande, é uma equipa muito batida, com muitos anos destas competições, mas do outro lado vai ter uma equipa muito irreverente, que sabe atacar e equilibrar-se para defender. Sabemos que os erros nestas competições custam caro”, apontou o treinador bracarense que contou ainda que há três dias seguidos que Tormena, Al Musrati e Galeno “sobem para fazer a primeira parte do treino, mas só depois do aval positivo do departamento médico é que integram a convocatória”.

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Al Musrati e Galeno acabariam mesmo por estar no onze inicial de um conjunto que não entrou mal no encontro, mas cedo se percebeu que o poder empatar estava bem enraizado na equipa de Dejan Stankovic, treinador sérvio que frisou a importância do jogo e lembrou mesmo José Mourinho, seu antigo treinador no Inter: “É um dia para fazer mais, para alcançar sucesso. Isto é como uma final para nós e, como Mourinho dizia, as finais são para ser ganhas”. A questão é que para ganhar bastava o empate, sendo assim que o Estrela Vermelha se apresentou, apesar de tentar sair pelos corredores sempre que possível, projetando os alas.

Iuri Medeiros rematou forte ao lado da baliza do Estrela Vermelha no arranque do jogo e, aos 10′, Ricardo Horta, que marcava há três jogos consecutivos, obrigou Borjan a uma excelente defesa. O guarda-redes do Sp. Braga Matheus não se deixou ficar e manteve o jogo empatado ao fazer uma grande intervenção após remate do médio Kanga (15′), um dos melhores do Estrela Vermelha durante o jogo.

O Sp. Braga tinha mais bola, mas não era significativa, mesmo que tentasse as suas clássicas e muito efetivas combinações rápidas ou saídas pela esquerda através do corredor Galeno, com Ricardo Horta e Iuri Medeiros a tentarem mais no passe e na técnica, o ponta de lança Vitinha mais na dimensão física. Os bracarenses até assustaram Borjan, guardião de uma equipa sérvia sem qualquer pressa e com um bloco baixo, mas o intervalo chegaria sem golos.

Ainda sem a segunda parte completamente definida, surge o golo do Sp. Braga. Canto marcado pelos portugueses da direita do ataque, Gobeljic jogou a bola com a mão dentro da área e penálti para os bracarenses. Chamado a marcar, Galeno rematou com muita força e fez o 1-0, colocando provisoriamente a equipa portuguesa no primeiro lugar do Grupo F.

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Stankovic acabou por mexer muito na equipa à procura do golo do empate e as mudanças correram-lhe bem, porque a equipa melhorou muito e reagiu de forma exemplar à desvantagem, dentro do que é o seu jogo. Os sérvios acabariam mesmo por empatar, em novo penálti no encontro. Desta vez, foi Diogo Leite que acertou com o cotovelo na cara de Pavkov. Grande penalidade e Katai fez o empate, enganando Matheus. Estava feito o 1-1 aos 70′. O Sp. Braga tinha vinte minutos para chegar ao primeiro lugar do grupo.

Tal como Dejan Stankovic mexeu à procura do resultado, Carlos Carvalhal fez o mesmo. E se o jogo ficou extremamente aberto, rapidamente ficou unilateral e, depois, a jogar-se em poucos metros, com a equipa do Estrela Vermelha dentro da sua área e o Sp. Braga com pontas de lança (Ruiz e González) e outros improvisados, como Raul Silva. E foi precisamente o central, após excelente cruzamento de Yan Couto, talvez o melhor em campo pelo Sp. Braga, quase fez golo. Contudo, Borjan voltou a negar com uma grande defesa.

Até ao fim não existiram mais golos, mas não foi por falta de tentativas de uma equipa bracarense que tentou tudo o que podia. Carvalhal atirou tudo o que conseguiu para dentro de campo, mas foram os sérvios a festejar. E muito. Dejan Stankovic correu campo fora e deslizou de joelhos. O tipo de festejo que fez até relembrar um treinador português que inclusivamente foi seu quando jogava.

Terminadas as contas e com um 0-0 entre os outros dois clubes do grupo, o Sp. Braga continua na Liga Europa e sai-lhe a fava de uma equipa que cai da Liga dos Campeões.