Luís Marques Mendes não gostou de ver a fotografia da detenção de João Rendeiro revelada pela TSF e reproduzida por diversos media. “Não sei quem deu a fotografia [à comunicação social]. Mas que quem fez esta divulgação, não o devia ter feito”, afirmou no seu espaço de comentário semanal na SIC.
“João Rendeiro em todo este processo se comportou como um patife completo. Com descaramento e descaramento total. Mas, até alguém que se comporta como um patife, tem direito à dignidade e não merece ser achincalhado e humilhado e esta fotografia tem esse objetivo”, reforçou.
O momento em que João Rendeiro foi detido. Veja a fotografia
O comentador diz que a Polícia Judiciária (PJ) deu “uma prenda de Natal a si própria, à justiça portuguesa e ao país”. Marques Mendes elogia o trabalho da PJ na localização de João Rendeiro e acrescenta que “comprovou mais uma vez a sua eficiência, qualidade e profissionalismo. Tudo sem qualquer fuga de informação. Nada disto é muito português. Mas é notável!”
O ex-líder do PSD censura a postura de João Rendeiro e afirma: “agora ficámos a saber duas outras coisas inacreditáveis:
- por um lado, a sua preocupação em viver ‘à grande e à francesa’;
- por outro lado, a sua ilusão de que iria conseguir fugir indefinidamente à justiça.” E continua, dizendo que “neste mundo global, de intensa cooperação judiciária e policial, só mesmo um arrogante e convencido é que consegue admitir uma tal hipótese.”
Sobre o processo de extradição, o comentador pede cautela e alerta para não se “embandeirar em arco” porque o processo formal pode demorar muito tempo a concretizar-se. Mendes diz que a decisão natural que o Tribunal de Verulam Magistrates’ Court, em Verulam, nos arredores de Durban, tomará esta 2.ª feira passará pela prisão preventiva — que o comentador classifica como “medida de coação óbvia” —, mas alerta que a defesa de Rendeiro tudo fará para a evitar. Até outra razão: as prisões sul africanas não são propriamente a coisa mais recomendável do mundo. Vai ter saudades um dia, de não ter ficado numa prisão portuguesa”, enfatiza.
Marques Mendes exige mais sentido de Estado a Rui Rio
Em relação à reação de Rui Rio à detenção de Rendeiro, Marques Mendes comenta que “Rui Rio foi muito… como diria?, muito infeliz. E não tem grande autoridade para fazer esta crítica.”
Rui Rio sugere que calendário eleitoral influenciou prisão de Rendeiro
O comentador lembra que, em 2019, o atual líder do PSD tirou partido da acusação do Ministério Público contra o ex-ministro Azeredo Lopes e, na altura, não fez críticas ao calendário da Justiça. Para Marques Mendes, “quem quer ter sentido de Estado e ser primeiro-ministro, não devia fazer uma declaração desta natureza.”
Listas PSD e PS. “É um erro a exclusão de Marques Guedes e de Francisco Assis”
Marques Mendes comentou ainda as listas de candidatos a deputados do PSD e criticou novamente Rui Rio pelo critério na seleção dos nomes, afirmando que tudo era “previsível.” Para o ex-líder do PSD, Rio fez mal em ter-se “vingado” da oposição interna porque o “Grupo Parlamentar não é a Comissão Política de um líder”.
Contudo, acrescenta, que não é com a questão das listas “que ele vai perder um voto”. “Perde mais depressa votos com esta posição que tomou sobre” a detenção de Rendeiro, conclui.
Marques Mendes apontou vários erros na constituição das listas do PS e do PSD para as legislativas, nomeadamente a exclusão de Luís Marques Guedes e de Francisco Assis.
Sobre o afastamento do primeiro, que foi ministro da Presidência do Conselho de Ministros, Mendes diz ser um “erro terrível” pelo longo currículo político. Enquanto a exclusão de Assis foi explicada como tendo como razão a não admissão do erro político da constituição da geringonça.