Tem sido um dos grandes motivos de interesse em volta das listas do PS: seria o fim definitivo da geringonça o pretexto perfeito para recuperar Francisco Assis, um dos maiores críticos da solução – que estava disponível para voltar ao Parlamento – e apostar numa viragem ao centro? A resposta chegou este domingo – Assis está fora das listas, como noticiou o Público – mas, ao Observador, o próprio diz não estar surpreendido, até porque não chegou a ter nenhuma conversa com António Costa sobre o assunto.

“Não houve nenhum contacto, não falei com António Costa e não falo com ele há meses”, explica o socialista ao Observador. Por isso mesmo, garante não estar “minimamente surpreendido” por não constar das listas (para as quais se tinha dito disponível): mesmo que perceba a “expectativa” que estava criada em torno do seu nome, diz nunca ter tido “indícios” da direção do PS de que poderia ser incluído no elenco.

Quanto às hipóteses que chegaram a ser noticiadas sobre uma possível candidatura sua à presidência da Assembleia da República, para suceder a Ferro Rodrigues, e que chegou a comentar publicamente, também coloca tudo no domínio da especulação: “Ninguém falou comigo sobre a presidência da AR” no PS, adianta ao Observador.

Fora do Parlamento, Assis exclui ainda que uma ida para o Governo – que o presidente da federação do PS/Porto, Manuel Pizarro, admitia, questionado pelo Observador – possa estar em cima da mesa: “Estou em funções no Conselho Económico e Social. É a única coisa em que estou empenhado”. De resto, Assis é, acima de tudo, um “militante socialista” e por isso promete fazer o que puder para que o partido tenha um bom resultado nas eleições antecipadas de janeiro.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Assis fica fora das listas do PS. “Isso não o exclui do próximo ciclo político”, diz Pizarro

Quanto ao futuro, o socialista assume a disponibilidade para continuar na presidência do CES – que cai automaticamente com o Governo – caso o cenário pós-eleitoral o permita. “Tenho disponibilidade para continuar e acho que faz sentido que continue. Há um trabalho, uma série de reformas, que foram interrompidas”, recorda.

Assis tem defendido publicamente a necessidade de fazer uma reflexão sobre as funções do CES e encomendou, de resto, uma proposta de revisão dessas funções que está a ser desenhada pelo social-democrata Miguel Poiares Maduro. Por isso mesmo, acredita que faria sentido continuar a trabalhar nessas alterações, até porque a crise política inesperada interrompeu os planos.

Os rumores que apontavam para uma possível entrada de Francisco Assis nas listas do PS subiram de tom quando o próprio admitiu, em entrevista à RTP, que se há dois anos, como recorda agora ao Observador, a geringonça representava uma “divergência de fundo inultrapassável” que o impedia de entrar nas listas, neste momento já não haveria “razões de fundo” para se “autoexcluir de uma participação na vida política”.

“Daí a dizer que vou ser candidato ou vou deixar de ser vai um longuíssimo caminho, e sobre isso não me pronuncio neste momento. Só queria dizer isto para deixar claro, de facto, que a situação é  diferente do que era há dois anos”, dizia então.

Depois, em entrevista ao Público, chegou mesmo a comentar a hipótese de poder vir a suceder a Ferro. “Quem valoriza o Parlamento como eu, se um dia lhe colocassem a questão de poder eventualmente ser presidente da AR, seria incompreensível que dissesse que era uma função que não gostaria de exercer”. Afinal, o cenário fica impossibilitado à partida.