“Especulações”, “falsas informações”, notícias que “destroem valor”. A fábrica de conservas Ramirez, que tem estado debaixo de fogo por causa do surto de Covid-19 que supostamente já teria atingido mais de 30 trabalhadores, veio esta terça-feira desmentir essas informações e garantir que nunca baixou “a guarda”.

O comunicado da Ramirez, que surge em resposta a informações transmitidas na segunda-feira pelo Sindicato dos Trabalhadores, da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (SINTAB), refere que o surto terá começado num jantar “particular, sem conhecimento da administração” que aconteceu a 3 de dezembro e “envolveu alguns funcionários de um departamento” da fábrica.

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Segundo a empresa, terá sido na sequência desse jantar que um funcionário apresentou, três dias depois, sintomas, tendo sido isolado e tendo a administração tomado conhecimento do jantar e decidido testar todos os participantes. Daí que tenha havido 31 testes, feitos no dia 7 de dezembro — mas, segundo a informação enviada pela empresa, só 11 testaram positivo.

Posteriormente, mais dois funcionários, que estavam em isolamento profilático por terem familiares que eram, também, trabalhadores da Ramirez, acabaram por testar positivo, o que dá um total de 13 infetados neste surto.

A empresa acrescenta que os resultados dos testes foram “colocados na plataforma SNS” e que a 9 de dezembro todos os trabalhadores foram testados, tendo os resultados sido “100% negativos”, num processo acompanhado pela Delegação de Saúde Norte. Ainda assim, a empresa estará hoje a testar novamente todos os colaboradores, com testes PCR, “cujos resultados serão conhecidos em tempo oportuno”.

O processo contado ao pormenor visa contrariar a versão do sindicato, que falava em mais de 30 casos positivos e apontava responsabilidades à administração da fábrica por supostamente não ter tomado “medidas de constrangimento de infeção” nem feito “esforço nenhum para conter o surto”, como descrevia o dirigente da SINTAB José Eduardo Andrade, esta segunda-feira, à rádio Observador.

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No comunicado enviado esta terça, a Ramirez garante que “sempre cumpriu todos os requisitos sanitários, todas as regras em vigor e estipuladas pela DGS”, tendo inclusivamente ido mais longe do que essas recomendações, controlando, por exemplo, a temperatura corporal dos funcionários à entrada da fábrica.

“Nunca baixámos a guarda, mantivemos e mantemos todo o rigor dentro de portas independentemente do estado pandémico nacional”, garante a nota, “lamentando as falsas informações” que circularam: “Este tipo de especulações e falsas informações destroem valor e prejudicam gravemente todas as empresas e os seus colaboradores e demais stakeholders“, remata.

A administração já tinha, no entanto, contrariado essas mesmas informações, com declarações publicadas em vários órgãos de comunicação social ainda na segunda-feira.

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