A Lancia estava “adormecida” há anos, sobrevivendo à custa apenas do mercado italiano e por conta das vendas de um único modelo, o Ypsilon, por sinal, já vetusto. Mas com a criação da Stellantis, o 4.º maior grupo automóvel a nível mundial depois de juntar PSA e FCA, a marca transalpina terá direito a uma espécie de renascimento, em que o único elo em relação ao passado será o “charme” italiano. O posicionamento será de topo e alicerçado na electrificação, com o objectivo não de vender muito, mas sim ganhar mais em cada venda, de acordo com as declarações do CEO, Luca Napolitano, a um meio especializado.

É claro que o volume é importante, mas a prioridade vai para a rentabilidade. Contudo, temos de trabalhar e temos que ter um ponto de referência… que, para nós, é a Mercedes”, revelou o CEO da Lancia, Luca Napolitano, à Automotive News.

O homem que antes esteve à frente da Fiat e da Abarth para a região EMEA tem vindo, pouco a pouco, a aclarar o destino da nova marca que lidera. Depois de apresentar o designer que será responsável por compatibilizar a “elegância italiana” com o posicionamento de luxo perseguido pela Lancia, Luca Napolitano colocou ênfase na plena electrificação, indicando três lançamentos a partir de 2024 (o novo Ypsilon, híbrido e elétrico a bateria, um crossover compacto em 2026 e um hatchback compacto em 2028, os dois últimos exclusivamente elétricos), para agora avançar a estratégia do fabricante italiano, no que toca ao volume. Uma questão que importava esclarecer, pois dentro de pouco mais de dois anos, a Lancia vai ter de sair da sua “zona de conforto” e abordar mercados para lá do país em forma de bota, tendo a França e a Alemanha claramente na mira.

Lancia (chique) vai voltar a vender fora de Itália

A marca que acaba de lançar nova edição especial do seu Ypsilon, chegou a transaccionar mais unidades do que a Alfa Romeo globalmente, apesar de só ter um modelo no seu portefólio e vender exclusivamente em Itália. Mas, no futuro, a tónica não será colocada na quantidade. Mais importante, realça o CEO, é garantir a viabilidade do construtor e isso passará por assegurar uma rentabilidade interessante. Ou seja, lucrar mais em cada unidade transaccionada. E é nesse sentido que Napolitano fixa o fabricante alemão como referência. “Não quero dizer que vamos disputar o mercado com a Mercedes, isso seria ingénuo. Mas isso é um exemplo do que ambicionamos”, esclareceu.

De recordar que, no regresso aos mercados além das fronteiras de Itália, a Lancia vai concentrar-se no Velho Continente, tendo de fazer valer os seus argumentos face às outras insígnias premium do grupo, DS Automobiles e Alfa Romeo. Para mais, partilhando o espaço com estas marcas em concessionários seleccionados, possibilidade admitida pelo próprio Luca Napolitano em declarações à Autocar. Mas o caminho será eliminar as barreiras físicas e tornar a venda online o canal preferencial. Suporte em que a marca estará a trabalhar, no sentido de garantir ao potencial comprador que pode efectuar a aquisição de forma simples e rápida, “em apenas três cliques”, adianta Napolitano. Numa primeira fase, a meta será concretizar 25 a 30% das vendas fora de Itália, para depois atingir os 50-50%.

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