A Lancia arrisca ser um caso de estudo. A marca italiana tem sobrevivido à custa de um modelo, o Ypsilon, e de apenas um mercado, o italiano. Porém, nem o facto de ter no seu portefólio só um automóvel, para mais datado (a terceira geração remonta a 2011), nem de a comercialização se limitar a um país têm impedido o “supermini” italiano de continuar a ter bastante procura, para o que contribuem sucessivas séries especiais e um preço atractivo (desde 15.300€). Prova disso é que, mesmo num ano marcado pela pandemia, 2020, a Lancia entregou 43.077 novas unidades.

Em vésperas da fusão da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) com a PSA, alguns analistas chegaram a apontar a marca italiana como uma das que potencialmente seria extinta pelo novo conglomerado. Mas a Stellantis não só não contrariou essa previsão, como reservou à Lancia um especial destaque no organigrama corporativo, aposta essa que agora vem confirmar ao apontar o nome do homem a quem caberá “liderar a revitalização da marca”: Jean-Pierre Ploué.

O francês de 59 anos iniciou a sua carreira na Renault, marca onde permaneceu durante 10 anos (1985-1995), período durante o qual assinou o concept car do Laguna e o Twingo, além de ter dado o seu contributo para o estilo da segunda geração do Clio e do primeiro Mégane. Depois passou pela VW e pela Ford, mas foi no double chévron que Ploué reforçou a sua reputação enquanto designer, pois foi ele um dos principais responsáveis por rejuvenescer a imagem da Citroën entre 1999 e 2009, ano em que ascendeu a responsável máximo pelo Design das insígnias PSA.

Agora dá novo “salto” na carreira, ao ser-lhe incumbida a missão não só de reanimar a Lancia, mas também de capitanear o estilo da Abarth, Alfa Romeo, Citroën, DS Automobiles, Fiat, Lancia, Opel/Vauxhall e Peugeot. Mas, para que não restem dúvidas quanto a prioridades, Ploué é introduzido como um elemento vital para a viabilidade da Lancia. No comunicado em que é apresentado como “Stellantis Chief Design Officer”, o grupo concentra-se no papel que o designer desempenhará para fazer renascer a marca italiana.

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O renascimento da Lancia apresenta-se como um desafio entusiasmante. A Lancia é uma marca icónica e irá ser reintegrada no seu posicionamento histórico na Europa, alicerçando-se no seu enorme potencial”, afirma Jean-Pierre Ploué.

No que toca ao posicionamento, convirá relembrar que, na nomeação da “top executive team” encarregada de gerir a Stellantis, a Lancia surgiu lado a lado com a Alfa Romeo e a DS Automobiles, como insígnia premium. Neste caso, sinónimo de “luxo acessível” no portefólio da Stellantis, na medida em que a assumida marca de luxo do novo grupo é a Maserati.

O núcleo duro da Lancia pós-Stellantis: Erica Valeria Ferraioli (pricing), Yann Chabert (marketing e comunicação), Roberta Zerbi (responsável da marca para o mercado europeu) e Paolo Loiotile (produto). Ao centro, Luca Napolitano, o novo CEO do fabricante italiano

Para liderar a reconversão da Lancia, a Stellantis socorreu-se de Luca Napolitano, profundo conhecedor do mercado italiano e até Janeiro responsável máximo europeu das marcas Fiat e Abarth.

À frente da Lancia desde a oficialização da Stellantis, Napolitano já se rodeou de uma equipa escolhida a dedo para garantir que há mais vida para além do Ypsilon. Ploué era a “peça” que faltava neste puzzle. “Quero dar as boas-vindas a Jean-Pierre Ploué. Estou muito confiante de que conseguiremos tirar partido de uma equipa de profissionais tão diversificada, que irá trabalhar em conjunto para o sucesso da Lancia”, declarou Luca Napolitano.