A estratégia de Paulo Rangel no próximo Congresso será de não-confrontação a Rui Rio. O eurodeputado garante ao Observador que não se vai envolver na formação das listas porque, como candidato derrotado, lhe cabe “uma missão muito especial de contribuir para a unidade” do PSD. Paulo Rangel diz que não vai “integrar nem apoiar” qualquer lista ao Conselho Nacional, embora “encoraje” uma “diversidade e pluralidade do partido” traduzida na apresentação de várias listas.

O candidato derrotado nas últimas diretas adianta ao Observador que fará uma “intervenção” no Congresso, mas “virada para fora e não para dentro“. Paulo Rangel diz que “o combate interno é uma questão ultrapassada” e que o tempo é de atacar o PS de António Costa para “garantir que o PSD vence as legislativas de 2022”.

Rangel diz que “certamente outras pessoas que não deixarão de marcar as suas posições” — o eurodeputado não se referiu a ninguém especificamente, mas Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz movem-se nos bastidores — mas que ele próprio está “numa posição um pouco mais especial” por ter sido candidato e tem “o dever de reserva e de mostrar que o PSD é uma alternativa ao partido socialista”.

Rangel insiste que, o facto de não integrar nenhuma lista alternativa à lista oficial ao Conselho Nacional  (a apoiada pelo líder Rui Rio), terá um peso “simbólico” e dará um “sinal muito claro” de que o partido está concentrado “no grande objetivo que é ganhar as eleições de 2022.”

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Paulo Rangel perdeu as últimas diretas para Rui Rio, tendo obtido 47,6% dos votos contra 52,4% dos votos do atual presidente do partido. A postura do eurodeputado, perante a mediatização do Congresso, será diferente da que teve no último Conselho Nacional, após aquilo que os seus apoiantes chegaram a classificar de “purga” contra quem esteve ao lado do candidato derrotado.

À porta fechada, nesse mesmo último Conselho Nacional do partido, Paulo Rangel foi duro com as opções de Rui Rio e disse mesmo: “Praticamente não vejo quase ninguém que me tenha apoiado nas listas“. O eurodeputado disse mesmo ao presidente do partido que “estende as mãos e os braços ao PS e depois internamente não tem esse espírito de compromisso“.

Rangel lembrou ainda uma frase de Rio durante a campanha interna em que o presidente do PSD disse que “fazer listas não é como fazer listas na União Nacional ou no antigo regime”. Na altura lembrou que, pela Europa fora, tanto em partidos como Governos, “as pessoas que apoiaram candidatos ou projetos derrotados são sempre envolvidas, mas que “olhando para composição das listas não houve um esforço de fazer unidade.” E questionou: “O que é que custava dar esse sinal ao partido?

O eurodeputado diz que está com “Rio a 100, 200 e 300%” para apoiá-lo na “campanha eleitoral”, mas que também lhe dirá sempre o que pensa “frontalmente” quando achar que as decisões que toma são “más para a democracia interna”, como foi o caso. No Congresso, Rangel optará, no entanto, por atacar António Costa, dada a proximidade das eleições legislativas.