O líder do Chega foi o primeiro a reagir às novas medidas anunciadas por António Costa à saída do Conselho de Ministros extraordinário desta terça-feira, defendendo que o Governo deve avançar imediatamente com um “suplemento de apoio extraordinário” para compensar os setores mais afetados pelas novas medidas de contenção da Covid-19.

“O que nós pedimos ao Governo é que crie e lance já, imediatamente, um suplemento de apoio extraordinário”, afirmou André Ventura, indicando que a ajuda deve ser direcionada para os setores dos bares, discotecas, eventos, restauração, hotelaria e turismo.

André Ventura considerou algumas das medidas “desproporcionais”, como o encerramento de bares e discotecas no continente a partir de 25 de dezembro, a obrigatoriedade de apresentação teste negativo antigénio, além do certificado de vacinação, para acesso a eventos de final de ano em hotéis e restaurantes, e as limitações na lotação dos centros comerciais.

“Para quê estarmos com medidas desproporcionais, gravosas para as liberdades das pessoas, numa altura destas?”, questionou, vincando que “o Governo anda a ziguezaguear” e que a reação do Chega é “muito crítica”.

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André Ventura reconhece que o número de casos de Covid-19 está a aumentar e que a Europa está em “sinal de grande contenção”, mas considera que “este irracional tem de parar algum dia”.

PSD diz que se está a “correr atrás do prejuízo” e aponta inconsistências nas medidas

O PSD afirmou esta terça-feira que o Governo está a “correr atrás do prejuízo”, apelando a que os portugueses respondam “à falta de planeamento” no reforço da vacinação com a contenção de contactos, e aponta inconsistência nas medidas.

Tínhamos alertado no final do verão para a necessidade de planear as doses de reforço. Infelizmente, estamos a poucos dias do Natal e esse trabalho ainda não foi feito, agora estamos a correr atrás do prejuízo”, afirmou o vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, Ricardo Baptista Leite, em declarações à Lusa.

Para o deputado e médico, “está um pouco nas mãos dos portugueses garantirem” a “melhor forma possível” de responder ao aumento de casos de Covid-19 e “outras ameaças no sistema de saúde”.

Quem não está vacinado e não se conseguir vacinar, quem não se conseguir testar (…) a essa falta de planeamento temos de responder tendo cuidado com os contactos e evitando mesmo esses contactos até a situação normalizar”, apelou.

Sobre os anúncios desta terça-feira, Baptista Leite classificou como “inconsistentes as diferentes medidas entre restaurantes, bares e discotecas, sobretudo em relação à testagem”.

“Deve haver clareza em relação às medidas que se tomam e há aqui uma série de incongruências e isto leva a que os próprios cidadãos se sintam confusos depois de dois anos de gestão de uma pandemia”, alertou.

Por outro lado, o cabeça de lista do PSD por Lisboa nas próximas legislativas apelou ao Governo para que “consiga encontrar mecanismos alternativos para acelerar a vacinação sem continuar a retirar recursos ao SNS e aos centros de saúde”, como incluir as farmácias comunitárias no plano.

“Da parte do PSD, entendíamos que não deveríamos ter entrado no inverno com uma parte da população vulnerável ainda por vacinar (…) Nestas matérias, devemos esperar o melhor, mas preparar-nos para o pior. Agora temos de trabalhar com as ferramentas que existem, estas são as condições em que o Governo nos deixou”, apontou.

Ricardo Baptista Leite lamentou ainda que o primeiro-ministro não tenha dito “uma palavra” sobre a forma como o SNS “se preparou e se prepara para responder aos doentes com outras doenças”.

“Esperamos que haja um plano de emergência, perante a expectativa do aumento do número de doentes Covid-19 a entrar no sistema, se for esse o pressuposto das decisões do Governo”, acrescentou, dizendo que o partido não conhece as projeções de casos que condicionaram as medidas anunciadas.

Coordenadora do BE estranha falta de reforço das equipas de rastreio e vacinação

Já a coordenadora do BE disse estranhar que “não exista reforço das equipas de rastreio e vacinação”, referindo que o Governo “aceitou a sugestão do Bloco” de apoio às famílias no período de encerramento de creches e ATL.

Catarina Martins reagiu com uma publicação na rede social Twitter às novas medidas anunciadas pelo primeiro-ministro, António Costa, que passam pela antecipação do período de contenção para as 00h00 de dia 25 de dezembro, devido ao aumento de casos de Covid-19.

Registo que, no encerramento de creches e ATL, o Governo aceitou a sugestão do Bloco de apoio às famílias. Falta saber de apoios relativos a outras medidas”, apontou a líder bloquista.

Por outro lado, Catarina Martins disse estranhar que, “reconhecendo a exaustão dos profissionais de saúde, não exista reforço das equipas de rastreio e vacinação”.

IL acusa Governo de incompetência porque “parar vida de todos não é gerir pandemia”

A vogal da Comissão executiva da IL Carla Castro expressou “desagrado e desalento” com as novas restrições anunciadas, com medidas como o teletrabalho obrigatório, encerramento de bares e discotecas ou alargamento da exigência de teste e certificado de vacinação a mais eventos e locais, entre outras.

“O que assistimos hoje [terça-feira] foi a uma conferência de imprensa onde as medidas anunciadas não são condizentes com os dados apresentados. Continuamos a desconhecer quais foram os dados que suportam estas decisões”, defendeu a dirigente da IL, que é também a número dois do partido pelo círculo de Lisboa nas legislativas de 30 de janeiro.

Carla Castro salientou que “há centros de vacinação que vão parar e que o ritmo de vacinação é mais baixo do que no verão”, referindo que a pressão no Serviço Nacional de Saúde (SNS) “não é alarmante e não se prevê que seja”.

“É claramente um atestado de incompetência sobre a forma de o Governo gerir a pandemia”, considerou a dirigente, apontando que o primeiro-ministro referiu a necessidade de medidas “enquanto não se reforça a vacinação”.

Carla Castro criticou, em especial, o encerramento dos locais onde já eram necessários certificados de vacinação e testes (bares e discotecas), considerando que tal até pode “descredibilizar a vacinação e a testagem”.

Estamos claramente com uma política errática e com informação contraditória. Para a confiança, quer das famílias quer das empresas, é bastante desmotivante”, referiu.

A dirigente da IL lamentou que o Governo ainda não tenha apresentado o calendário do reforço de vacinação e salientou que a situação de Portugal “não se compara com a de outros países”.

“A nossa certeza é que este Governo é incompetente para gerir esta pandemia, parar a vida de todos não é uma forma de gerir a pandemia”, criticou.

PCP critica “soluções restritivas com fortes prejuízos para trabalhadores e economia”

O PCP reagiu com algumas críticas às novas medidas anunciadas pelo Governo, numa nota assinada por Bernardino Soares, responsável interno pela pasta da Saúde.

“As medidas agora anunciadas pelo Governo retomam uma opção por soluções restritivas com fortes prejuízos para os trabalhadores e muitas atividades económicas, que não pode
ser a resposta automática para cada situação de maior incidência da Covid-19″, atira o partido, pouco depois de o primeiro-ministro ter anunciado que os bares e discotecas voltam a ficar encerrados, que o teletrabalho volta a ser obrigatório ou que há muitos espaços que vão exigir apresentação de teste negativo, de eventos culturais a recintos desportivos.

“É necessário que o Governo garanta, quer o respeito integral pelos direitos e remunerações dos trabalhadores, quer o apoio às atividades mais atingidas por estas medidas, particularmente na época específica em que estamos”, exige o PCP. O partido frisa que a situação “é bastante diferente” em relação ao que era há um ano, com a vacinação e com isso os internamentos diminuíram. “Estes factos não podem ser ignorados no contexto das medidas tomadas em cada momento, mesmo tendo em conta a eclosão da nova variante”, avisa o PCP, que quer uma aposta no reforço do SNS, da vacinação e da testagem gratuita.

CDS considera medidas “exageradas, alarmistas e desproporcionais”

O líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, considerou que as medidas para travar a Covid-19 são “exageradas, alarmistas e desproporcionais”, defendendo o reforço da terceira dose da vacina e não situações que “geram terror e medo”.

As medidas são manifestamente exageradas, são alarmistas e desproporcionais. Na verdade, o caminho que o Governo devia seguir era o reforço da terceira dose da vacinação porque já de demonstrou que, tendo 90% da população vacinada, mesmo em caso de infeções, não tem uma repercussão preocupante nem no número de mortes, nem internamentos”, afirmou.

Rodrigues dos Santos, que falava aos jornalistas no jardim Avelar Brotero, em Lisboa, disse rejeitar “liminarmente este caminho de instabilidade e de alarmismo” que disse estar a “destruir” a economia.

Segundo o líder centrista, “as regras devem obedecer a um princípio de equidade e de adesão à realidade do país”, defendendo que o Governo devia insistir no “rastreio” e “não entrar em situações alarmistas que geram o terror, o medo” e conduzem a economia “à miséria e à pobreza”.

“O Governo está a ir atrás do que estão a fazer outros países europeus, quando nenhum deles tem o número de população vacinada que o nosso país tem, nem os dados da pandemia são tão tranquilizadores quanto estes que o nosso país oferece nesta altura”, indicou.

PAN pede apoios para bares e discotecas e apela à responsabilidade dos portugueses

Por sua vez, o PAN pediu apoios para as famílias e o setor dos bares e discotecas, que vão voltar a encerrar devido à pandemia de Covid-19, e apelou aos portugueses que “sejam responsáveis” e se testem.

“Compreendemos que há a necessidade da adoção de algumas medidas e a preocupação que desde o primeiro momento transmitimos ao Governo é que existam os correspondentes apoios sociais, em particular para os bares e as discotecas, que vão ter de encerrar, mas também para as famílias, quer no apoio às creches, quer no apoio para ficarem em casa com as crianças sempre que assim seja necessário por força do contexto sanitário”, afirmou a porta-voz, Inês Sousa Real.´

A líder do PAN apelou à “responsabilidade individual” nesta altura festiva do Natal e passagem de ano, defendendo que “as pessoas têm que se testar antes de estarem com os seus contactos familiares mais próximos, evitar contactos que possam ser de risco”.

Porque efetivamente nós ainda não debelámos esta crise sanitária, ainda continuamos a estar perante um inimigo comum cujo rosto ainda é, nas suas variantes, desconhecido e portanto todos os cuidados são poucos para que possamos de facto estar em segurança”, salientou.

Apesar de aplaudir que Portugal esteja a “apostar, e bem, fortemente na testagem”, Inês Sousa Real pediu que seja assegurado o “acesso universal” aos testes e “em todo o território nacional”, apontando que a capacidade “não está a ser a mesma em todos os distritos do país”.

E considerou que “seria importante que o Governo esclarecesse em que medida é que vai ser feito o controlo dos auto-testes”.

Para o PAN, é necessário também um reforço dos profissionais do Serviço Nacional de Saúde, mais oferta nos transportes públicos e protocolos entre as autarquias e as empresas de transporte individual de passageiros para que as refeições cheguem “às pessoas mais carenciadas nestes dias”.