A Ryanair volta a atacar a decisão da Comissão Europeia de autorizar ajudas públicas à TAP, questionando ainda que a cedência de 18 slots em Lisboa imposta à companhia portuguesa produza efeitos já depois do verão do próximo ano, bloqueando a sua utilização pelos concorrentes.

Em comunicado a companhia low-cost começa por fazer as contas à ajuda estatal de 2,6 mil milhões de euros (2,55 mil milhões de euros) anunciada ontem para a reestruturação da TAP pelos 10 milhões de habitante do país, concluindo que o valor equivale a “260 euros por cada homem, mulher e criança em Portugal”.

“Não há justificação económica para conceder a uma companhia aérea como a TAP mais de 2,6 mil milhões de euros (na verdade com as compensações por danos da pandemia o pacote de apoios chega aos 3,2 mil milhões de euros) em auxílios estatais, protegendo-a da concorrência no aeroporto da Portela em Lisboa”, afirma o presidente executivo Michael O’Leary numa primeira reação à aprovação do plano da TAP enviada às redações.

“A Comissária Margrethe Vestager errou, claramente, ao não exigir à TAP a entrega de pelo menos 30% dos seus slots, equivalente à redução de 30% da frota. A decisão da Comissária em adiar esta entrega mínima de 5%, o equivalente a 18 slots diários, desde o verão até ao Inverno de 2022, prejudica ainda mais a concorrência e as escolhas dos consumidores em Lisboa e irá atrasar a recuperação do aeroporto da Portela, no decorrer da pandemia”.

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Reconhecendo que a TAP e o Governo confirmaram a redução da frota em 30% (para 94 aviões), isso significa que a transportadora já não terá aviões para usar todos os slots a que tem direito no aeroporto de Lisboa este verão. No entanto, a “comissária Vestager (que tem o pelouro da concorrência) exigiu que a TAP apenas entregasse 18 desses slots por dia (menos de 5% do total em Lisboa) e apenas a partir de novembro de 2022 (quando entra em vigor o Inverno IATA), o que permite à TAP continuar a bloquear os mesmos na capital e continuar a dificultar a operação da concorrência e a escolha de companhias aéreas low-cost como a Ryanair”.

A companhia low-cost irlandesa tem sido a mais feroz opositora às ajudas de Estado à TAP tendo apresentado várias queixas contra todas as decisões favoráveis da Comissão Europeia no Tribunal Geral da União Europeia.

O CEO da Ryanair apela ainda à comissária da Concorrência que pare de “conceder auxílios estatais a transportadoras aéreas nacionais sem futuro, e que comece a promover a concorrência e o interesse dos consumidores, acelerando os desinvestimentos significativos de slots o mais cedo possível, mesmo quando as transportadoras nacionais recebem biliões de euros em auxílios estatais desperdiçados”.