Quando entrámos nos descontos do clássico no Dragão, havia uma estatística que no mínimo era enganadora em relação ao que se tinha passado em campo e que dizia respeito aos cruzamentos: o FC Porto tinha feito só um, o Benfica ia nos 26. Queria isto dizer que os encarnados estavam a ser melhores, mais incisivos e com maior número de ocasiões? Longe disso. Porque se é verdade que os números não contam sempre tudo, há números que dizem muita coisa. E havia um outro dado ao intervalo, quando as equipas tinham estado praticamente sempre em igualdade numérica, que resumia isso: enquanto os visitantes não somavam qualquer ação defensiva no meio-campo contrário, os portistas já levavam cinco. E, isso sim, fez diferença.

Acorda Jesus, está na hora do Vitinha (a crónica do FC Porto-Benfica)

O FC Porto conseguiu apenas pela segunda vez na longa história dos clássicos marcar um golo ao Benfica no primeiro minuto e chegou pela primeira vez ao quarto de hora inicial a ganhar por 2-0. Começava aí, numa entrada completamente fora de tempo, o jogo mais desequilibrado entre ambos a nível de resultados na última década que encontra comparação apenas no 5-0 para o Campeonato de 2010/11, quando Jorge Jesus decidiu apostar em David Luiz como lateral esquerdo para travar o avançado Hulk e acabou “atropelado”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Assim, e entre mais oportunidades que foram sendo desperdiçadas pelos dragões, o Benfica chegou aos 30 jogos esta temporada com outros tantos golos sofridos, numa média certa de um golo consentido por partida. Mais do que isso, a equipa voltou a revelar problemas na defesa num encontro “grande”, sofrendo pela quinta vez três ou mais golos em 2021/22, depois das goleadas sofridas frente ao Bayern na Liga dos Campeões, do empate em Guimarães na Taça da Liga e da derrota frente ao Sporting no Campeonato.

“Penso que a equipa não esteva à altura da situação da partida. Em cinco minutos sofremos dois golos de bola parada. Não é o que o Benfica necessita, temos de dar a volta à situação. Quero pedir desculpa, não é a imagem que queremos dar a quem nos apoia. Não é a imagem que podemos dar. Não sei como explicar. Sabemos o que é jogar com o FC Porto, que tem jogadores com intensidade, o mister disse-nos que tínhamos de ser mais intensos do que eles, ir à segunda bola. Temos de analisar e dar a volta à situação. Ainda há muito Campeonato. Temos de lutar pelas três competições, ganhar o Campeonato, a Taça da Liga e chegar longe na Champions. Queremos dar à volta a situação, deixar outra imagem, não podemos deixar esta imagem”, comentou o lateral espanhol Grimaldo na zona de entrevistas rápidas da SportTV.

“É sempre bastante complicado vir motivado aqui e com vontade de dar um murro na mesa, de querer comer a relva, e ao minuto 10 estarmos a perder 2-0. Um clube como este em que estamos não pode perder com o FC Porto desta maneira. O clube é muito maior do que isto. E quero pedir perdão aos adeptos, à família que sempre nos apoia. Temos de pensar na próxima partida, dar a volta à situação, lutar pelo Campeonato, pela Taça da Liga e chegar longe na Champions”, dissera antes na CNN Portugal/TVI.