Os chefes de equipa de urgência do Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde apresentaram, na sexta-feira, a demissão por “grave carência de recursos humanos médicos” neste serviço, avançou este sábado o Sindicato Independente dos Médicos (SIM). A informação é também confirmada ao Observador por fonte oficial do centro hospitalar, que adianta que está marcada para segunda-feira uma reunião entre a administração e os profissionais de saúde demissionários.

Em comunicado, o SIM detalha que os médicos apresentaram a carta de demissão ao presidente do conselho de administração e ao diretor clínico na véspera de Natal, tendo a mesma sido assinada por todos os chefes de equipa (à exceção da diretora do serviço de urgência que também exerce funções de chefe de equipa): “A demissão coletiva é motivada pela grave carência de recursos humanos médicos no serviço de urgência daquele centro hospitalar, que já não permite assegurar cuidados em segurança para os doentes”, alerta o comunicado.

“Este pedido de demissão deve-se a uma grave carência de médicos neste serviço de urgência”, reitera o secretário-regional do Norte do Sindicato Independente dos Médicos, Hugo Cadavez, em declarações ao Observador.

O Centro Hospitalar Póvoa de Varzim/Vila do Conde confirma entretanto, em comunicado enviado ao Observador, a receção da carta de demissão. A unidade garante ainda que o serviço de urgência continua a funcionar.

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O Serviço de Urgência mantém-se em pleno funcionamento, estando os Chefes de Equipa, visados nesta situação, a assegurar o normal funcionamento do Serviço, mantendo-se assim em funções e providenciando todos os cuidados inerentes ao funcionamento do Serviço de Urgência”, garante o Centro Hospitalar em comunicado.

O Centro Hospitalar adianta que está marcada para segunda-feira uma reunião entre a administração e um dos chefes da equipa de urgência, que assumiu funções de “porta-voz”. De acordo com a nota enviada ao Observador, está também previsto um encontro com os restantes profissionais de saúde demissionários. O objetivo é “encontrar soluções na expetativa de que as dificuldades sentidas, ao nível de Recursos Humanos, possam ser – em conjunto – ultrapassadas”.

A título de exemplo, o Sindicato Independente dos Médicos afirma que nas noites de 31 de dezembro de 2021 e 1 de janeiro de 2022 em vez de cinco médicos haverá apenas dois médicos. “Naturalmente não é possível o trabalho de cinco médicos ser feito por apenas dois. É uma escassez grave de médicos”.

Chefes de equipa de urgência do Hospital da Póvoa de Varzim demitem-se devido a “grave carência de recursos humanos médicos”

A isto, acrescenta o SIM, nessas duas noites não haverá médicos de ginecologia/obstetrícia no serviço de urgência. Esta situação é de “enorme gravidade” porque recorrem ao centro hospitalar grávidas e parturientes de todo o país, frisou, ressalvando não haver qualquer aviso às grávidas de que a urgência de obstetrícia está encerrada nessas noites.

Esta situação tem sido comunicada reiteradamente por parte dos médicos deste hospital sem que até agora tenha havido qualquer solução para o problema”, lamenta o secretário-regional do Norte do Sindicato Independente dos Médicos, Hugo Cadavez, em declarações ao Observador.

O Sindicato Independente dos Médicos marcou uma reunião com o Conselho de Administração, por solicitação deste, para abordarem esta questão.

Artigo atualizado às 23h00 com o comunicado do Centro Hospitalar e as declarações ao Observador do secretário-regional do Norte do Sindicato Independente dos Médicos