Mais de três dezenas de personalidades endereçaram este sábado uma petição às direções do PS, BE, PCP e PEV em que apelam a um “entendimento das forças de centro-esquerda e esquerda” para formar uma “maioria parlamentar” depois das legislativas.

Num texto promovido por 31 personalidades, onde consta a assinatura do ex-dirigente comunista Carlos Brito, do capitão de abril Carlos Matos Gomes ou do ex-deputado do PS Pedro Bacelar de Vasconcelos, os signatários indicam que decidiram juntar-se para “promover o entendimento das forças de centro-esquerda e esquerda, visando constituir uma maioria parlamentar e um Governo que tenha como propósito a aplicação de medidas indispensáveis para a melhoria do bem-estar da população”.

[Pode ouvir aqui as declarações de Pedro Bacelar de Vasconcelos à Rádio Observador:]

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Na petição, que visa criar uma “iniciativa de cidadãos” intitulada CORAGEM!, as 31 personalidades frisam que “esse entendimento deverá ser feito tendo como referência um compromisso programático, subscrito pelos partidos que se enquadram naquele espírito”, e deveria ter lugar “imediatamente após a realização das eleições de 30 de janeiro”, não estando “condicionado ao resultado obtido por cada partido”.

“Os critérios para a construção desse entendimento seriam o reconhecimento da sua relevância política, a boa-fé das partes envolvidas e o compromisso programático subscrito por elas”, frisa o texto.

Segundo os signatários, “o sucesso negocial dependerá da vontade de superar, corrigir e resolver o impasse e as causas que levaram à não aprovação” do Orçamento do Estado pelos BE, que atribuem “à inexistência de um acordo, bem como de mecanismos de verificação da sua execução ao longo do tempo”.

“Estando identificados os problemas que mais afetam os trabalhadores e o povo em geral, do que se trataria neste entendimento seria de fixar as soluções que, numa legislatura, melhor pudessem contribuir para lhes dar resposta”, indicam, acrescentando que existe “um histórico”, em referência à solução governativa que vigorou entre 2015 e 2021, que “poderá auxiliar na construção de uma plataforma que integrasse essas soluções”.

Os 31 signatários afirmam que é “indispensável que se aproveite a oportunidade que se abre em 30 de janeiro para retribuir a confiança política de quem votou naqueles partidos”, considerando que “só a convergência do centro-esquerda e das esquerdas” pode proporcionar “melhores condições de vida a todos e promovendo o desenvolvimento do país”.

“Se nos antecipamos aos resultados eleitorais ao lançar este apelo aos partidos que estão em condições de o concretizar, é porque estamos confiantes de que continuará a existir na Assembleia da República uma maioria parlamentar com condições políticas para a sua viabilização”, apontam.

Em 2015, apesar de não ter sido o partido mais votado, o PS formou governo, depois de formalizar um acordo de incidência parlamentar com o Bloco de Esquerda e o PCP.

Volvidos seis anos com António Costa na chefia do Governo, o entendimento com os parceiros da esquerda parlamentar chegou ao fim, depois de BE, PCP e PEV terem votado contra a proposta de Orçamento de Estado para 2022, levando o Presidente da República a anunciar a dissolução do parlamento e a convocação de eleições legislativas antecipadas para 30 de janeiro.