O editor livreiro Zeferino Coelho é o distinguido com o Prémio Vasco Graça Moura-Cidadania Cultural/2022, pela sua atividade de mais de 50 anos em prol da literatura e da cultura portuguesas, anunciou esta segunda-feira a Estoril Sol.
Segundo comunicado da Estoril Sol, que promoveu o galardão pela sétima vez consecutiva, o júri enalteceu a “ação desenvolvida, ao longo de mais de cinquenta anos, como editor e ativo promotor da literatura e da cultura da língua portuguesa no mundo”.
A mesma fonte, que cita a ata do júri, ao qual presidiu Guilherme d’Oliveira Martins, do grande conselho do Centro Nacional de Cultura, Zeferino Coelho “foi editor de José Saramago, desde o romance Levantado do Chão [1980] e todos os outros livros publicados, até à sua morte [em 2010]” e foi, ainda, editor de oito vencedores do Prémio Camões, o mais importante galardão da língua portuguesa: José Craveirinha [1991], o próprio José Saramago [1995], Sophia de Mello Breyner [1999], Luandino Vieira [2006, que recusou], Arménio Vieira [2009], Mia Couto [2013], Germano Almeida [2018] e Paulina Chiziane [no ano passado].
Só por si, este conjunto de autores editados, entre muitos mais, demonstra bem a importância da intervenção cultural do premiado, em especial no tocante à difusão nacional e internacional da literatura de língua portuguesa, salienta o júri, citado pela Estoril Sol.
Zeferino Coelho, nascido em 1945, em Paredes, no distrito do Porto, “é considerado, desde há muito tempo, como um dos mais importantes nomes do cenário editorial lusófono. Através da Caminho, que atualmente integra o grupo LeYa, foi o editor do único Nobel da Literatura portuguesa, José Saramago, [que o recebeu em 1998] bem como de um prestigiado elenco de outros autores de referência do mundo lusófono”, realça a Estoril Sol.
Licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto, Zeferino Coelho iniciou o seu trabalho como editor em 1969 na Editorial Inova, onde se manteve até 1971, e em 1977, fundou a Editorial Caminho, à qual se mantém ligado.
Em 2019 Zeferino Coelho foi condecorado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, com a insígnia de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e, nesse mesmo ano, foi homenageado na Feira do Livro de Leipzig, na Alemanha.
Nessa ocasião, o editor fez parte da delegação representante da literatura de língua portuguesa na Feira de Leipzig, tendo participado em várias conversas moderadas com autores e editores de outros países, e ouviu João Mira Gomes, embaixador de Portugal em Berlim, realçar os significativos escritores de língua portuguesa por ele editados.
O Prémio Vasco Graça Moura-Cidadania Cultural foi instituído pela Estoril Sol em 2015, com periodicidade anual e o valor pecuniário de 20 mil euros, em homenagem à memória do escritor e político social-democrata Vasco Graça Moura, que hoje completaria 80 anos se fosse vivo.
Vasco Graça Moura morreu a 27 de abril de 2014, aos 72 anos, tendo ao longo da sua carreira literária sido distinguido com diversos galardões, entre eles o Prémio Pessoa, em 1995, e o Golden Wreath, em 2004.
O ano passado o vencedor do Prémio Vasco Graça Moura foi o administrador não-executivo da Fundação Calouste Gulbenkian Emílio Rui Vilar e, em edições anteriores, receberam o galardão Eduardo Lourenço (1923-2020), José Carlos Vasconcelos, Vítor Aguiar e Silva, Maria do Céu Guerra e Carlos do Carmo (1939-2021), que gravou poemas de Graça Moura.
O Prémio Vasco Graça Moura-Cidadania Cultural “visa distinguir um escritor, ensaísta, poeta, jornalista, tradutor ou produtor cultural que ao longo da carreira — ou através de uma intervenção inovadora e de excepcional importância —, haja contribuído para dignificar e projetar no espaço público o setor a que pertença”, refere a Estoril Sol.
O júri desta 7.ª edição do Prémio foi presidido por Guilherme d’Oliveira Martins e constituído ainda por Maria Alzira Seixo, José Manuel Mendes, Manuel Frias Martins, Maria Carlos Gil Loureiro, Liberto Cruz, José Carlos de Vasconcelos e Dinis de Abreu, em representação da Estoril Sol.
A cerimónia da entrega do Prémio a Zeferino Coelho “será anunciada oportunamente”, segundo a mesma fonte.