França identificou uma nova variante do coronavírus que causa a Covid-19, noticiou esta terça-feira a agência Efe. Porém, João Manuel Brás Gonçalves, diretor do Instituto de Investigação do Medicamento, descreve-a como sendo apanas “mais uma variante” e destaca que não “há motivo para ansiedade” e reforça que deve “manter-se a vigilância”.

Segundo investigadores do Instituto Hospitalar Universitário (IHU) de Marselha que fizeram a descoberta, a nova estirpe do SARS-CoV-2 tem 46 mutações, incluindo uma que está associada a um possível aumento de contágios.

Variante francesa? “É necessário manter vigilância, mas não há razão para ansiedade”

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A variante, da qual pouco ainda se sabe — o estudo publicado esta terça-feira ainda não foi revisto por pares — foi batizada de forma não oficial pelos cientistas com as iniciais do instituto, IHU, e deriva de uma outra, a B.1.640, detetada em finais de setembro de 2021 na República do Congo e atualmente sob vigilância da Organização Mundial da Saúde, que também terá de dar o nome oficial à variante.

Em França, os primeiros casos da nova variante, que tem a designação técnica B.1.640.2, foram detetados na localidade de Forcalquier, na região de Provença-Alpes-Costa Azul.

Na mesma região, mas em Marselha, uma dezena de casos surgiram associados a viagens aos Camarões, país que faz fronteira com a República do Congo.

O IHU de Marselha, especialista em doenças infecciosas, é dirigido pelo polémico médico Didier Raoult, que recebeu uma advertência da Ordem dos Médicos francesa por ter violado o código de ética ao promover o uso do antimalárico hidroxicloroquina como tratamento para a Covid-19 sem provas da sua eficácia.

Variante foi detetada pela primeira vez em novembro

O virologista Tom Peacock, que trabalha Imperial Department of Infectious Disease, considera que esta nova variante ainda não “é motivo de preocupação”. Segundo o especialista, a IHU é anterior à Ómicron, apontando que existem 20 sequências genómicas da variante francesa contra mais de 170 mil da que foi pela primeira vez identificada na África austral.

Na sua conta pessoal do Twitter, Tom Peacock indica que a primeira identificação sobre a variante IHU foi publicada a 4 de novembro, enquanto a Ómicron ocorreu “três semanas depois”.

Já o epidemiologista Eric Feigl-Ding salienta que os números de hospitalizações e mortes no sul de França são comparativamente mais elevadas do que no restante país, o que poderá indicar que a variante IHU possa ser mais perigosa. Contudo, tal poderá dever-se ainda à influência da variante Delta.

A Covid-19 é uma doença respiratória causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado há dois anos em Wuhan, cidade do centro da China, e que se disseminou rapidamente pelo mundo.

A variante Ómicron, identificada em novembro, é a mais contagiosa de todas as variantes do coronavírus consideradas de preocupação, apresentando mais de 30 mutações genéticas na proteína da espícula, a “chave” que permite ao vírus entrar nas células humanas.

Vários países, incluindo Portugal e França, têm atingindo recordes diários de infeções devido à circulação desta variante.

Notícia atualizada às 20h48