O Presidente do Cazaquistão prometeu, quarta-feira, “firmeza máxima” perante os protestos sem precedentes na ex-república soviética da Ásia central causados pelo aumento dos preços do gás, referindo “ataques em massa” à polícia que fizeram dezenas mortos e feridos.
Falando em russo numa mensagem à nação transmitida pelo canal de televisão estatal Khabar 24, Kassym-Jomart Tokaïev anunciou também que apresentará em breve novas propostas para transformar politicamente o país sacudido por violentos protestos. A polícia do país admitiu na quinta-feira que dezenas de manifestantes foram mortos pelas forças de segurança.
“Em breve apresentarei novas propostas para a transformação política do Cazaquistão – mantenho a minha anterior posição, a favor de reformas”, afirmou Tokaïev.
O chefe de Estado denunciou “o alto nível de organização” das pessoas que participaram nos distúrbios que levaram à tomada da câmara municipal em Almaty.
“Chama a atenção o alto grau de organização destes bandidos. Isso é sinal de um plano de ação altamente organizado de conspiradores financeiramente motivados“, sustentou.
“Há mortos e feridos”, assegurou, condenando as “multidões de criminosos” que atacam os militares e os humilham, arrastando-os nus pelas ruas, e denunciando também a violação de mulheres e a pilhagem de lojas.
“A situação é uma ameaça para a segurança de todos os habitantes de Almaty. E não podemos tolerar isso. Além de Almaty, a situação é tensa noutras regiões, razão pela qual impus o estado de emergência”, frisou.
Por isso, indicou, a partir de quarta-feira, assumirá a direção do Conselho de Segurança do Cazaquistão, até agora liderado pelo anterior Presidente cazaque, Nursultan Nazarbayev.
“Enquanto Presidente e, a partir de hoje, presidente do Conselho de Segurança, tenciono atuar com a firmeza máxima”, advertiu Tokaïev.
“Trata-se da segurança dos nossos cidadãos, que se dirigem a nós com múltiplos pedidos de que os defendamos a eles e às suas famílias”, argumentou, declarando-se “convicto de que o povo (o) apoiará”.
O Presidente sublinhou que se manterá na capital em qualquer circunstância, junto do seu povo, o que definiu como seu “dever constitucional”.
“Juntos ultrapassaremos este período negro da história do Cazaquistão e dele sairemos fortalecidos”, declarou, agradecendo em seguida aos militares e polícias que enfrentaram os manifestantes e “sofreram baixas” e expressando-lhes as suas condolências.
Embora Tokaïev tenha, quarta-feira de manhã, aceitado a demissão do Governo e proposto várias medidas para travar as manifestações, em várias cidades cazaques mantiveram-se os protestos, que foram especialmente violentos em Almaty, onde ficaram feridas mais de 500 pessoas, segundo as autoridades locais.
“Lamentavelmente, na madrugada de 5 de janeiro, intensificaram-se as atividades dos grupos extremistas: em consequência das suas ações criminosas, arderam mais de 120 veículos, incluindo 33 da polícia, ambulâncias e dos bombeiros”, indicou o governador de Almaty, Kanat Taymerdenov.
No total, foram pilhadas mais de 120 lojas, 130 cafetarias e restaurantes e cerca de 100 instalações de pequenas e médias empresas.
“Foram agredidos mais de 500 civis, entre os quais 130 mulheres e idosos“, disse Taymerdenov em comunicado, alertando que os ataques de extremistas e radicais não estão a abrandar e apelando para o fim da “escalada da violência”.
Notícia atualizada às 09:08