Na primeira conferência de imprensa de 2022, Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), voltou a repetir a mensagem de que é preciso terminar com as desigualdades de vacinação no mundo, ou, caso contrário, podem surgir novas variantes.

Segundo o líder da OMS, a baixa taxa de vacinação a nível mundial contribuiu para o surgimento da variante Ómicron, que se está a espalhar a um ritmo nunca antes visto: “Com as baixas taxas de vacinação, criámos as condições perfeitas para que surgissem novas variantes”.

Tedros Adhanom Ghebreyesus disse mesmo que é “inútil vacinar com a quarta dose” quando há países com uma taxa de vacinação próxima de zero. “Há países a vacinar os cidadãos pela quarta vez enquanto há outros que ainda não conseguiram dar a primeira dose aos trabalhadores na área da saúde, os mais vulneráveis”, frisou o responsável.

No que diz respeito à variante Ómicron, Tedros Adhanom Ghebreyesus considera que não deve categorizada como “ligeira”. “Tal como as outras variantes está a causar hospitalizações e mortes em todo o mundo, é muito rápida e está a causar a rotura dos serviços de saúde”, alertou o diretor-geral da OMS, apelando a que se continue a utilizar máscaras, a manter o distanciamento social e a evitar aglomerações e a arejar sempre que possível os espaços interiores.

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Tedros Adhanom Ghebreyesus destacou ainda que, nas últimas semanas, se atingiram novos máximos “no número de novos casos”, mas que não sabe “sequer parte do total real do número de contágios diários” considerando a dificuldade de muitos países testarem, os autotestes realizados e as quebras na testagem típicas da época festiva.

Variante detetada em França “ainda não é ameaça”

Sobre a variante descoberta no sul de França, a OMS garante estar a acompanhar a evolução, estando sob o “seu radar”. De acordo com Abdi Mahamud, responsável da organização, a variante designada IHU já teve muitas oportunidades para se “espalhar” na comunidade, estando incluída na base de dados da OMS desde novembro. Até agora, não foi considerada uma variante de preocupação.

Instituto francês identifica nova variante do coronavírus. “Não há motivo para ansiedade”

Contudo, o especialista garantiu que a OMS continuará atenta à evolução da variante, estando disposta a elevar o seu risco caso for necessário.

Questionada se a Ómicron, a mais transmissível das variantes do SARS-CoV-2, será a última estirpe do coronavírus a circular, a líder técnica de resposta à Covid-19 na organização, Maria Van Kerkhove, alerta que não: a Ómicron “não será a última variante de preocupação”

A epidemiologista realçou, numa referência à Delta e à Ómicron, que “as variantes estão a competir e a evoluir”, apontando a vacinação, que previne a doença grave e a morte, e as medidas de saúde pública, como o uso de máscaras, o distanciamento físico e a lavagem frequente das mãos, como as “duas partes da equação” para travar as oportunidades de o vírus circular e originar novas estirpes, mais ou menos severas.

“Há ainda muitas oportunidades para o vírus se espalhar e gerar novas variantes”, acentuou o diretor-executivo do Programa de Emergências em Saúde da OMS, Mike Ryan.