O El Mundo faz uma descrição interessante das ligações de Melbourne ao desporto mas também da forma como tem combatido a pandemia. Recorda a publicação que esta é a cidade que já recebeu uma edição dos Jogos Olímpicos na década de 50, que tem um dos quatro Grand Slams de ténis, um Grande Prémio de Fórmula 1 (quando não existem cancelamentos), uma das principais provas do ano no golfe. Recorda ainda a publicação que esta é a cidade que, quando existem dez casos numa pandemia que se pensava enterrada, não tem problema em confinar cinco milhões de pessoas. Uma, duas, sete vezes, o número total de “fechos” que já teve por períodos entre duas a três semanas. É neste contexto que Novak Djokovic aguarda por uma decisão sobre a possibilidade de ser ou não deportado. É neste contexto que surge o Park Hotel.

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A unidade hoteleira onde o sérvio está agora hospedado, localizada no subúrbio de Carlton, foi notícia pelas piores razões em outubro, quando o canal 7News referiu que cerca de 90% das infeções que existiam no estado de Victoria vinham desse local, alegando o problema da ventilação. Ao The Guardian, alguns dos funcionários do Park Hotel admitiram que trabalhavam num sítio “incubador” do novo coronavírus. Antes, em julho, o local tinha estado também em destaque por um escândalo que ganhou dimensão nacional.

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Quando a pandemia estava a ficar de novo controlada no estado, as autoridades locais atribuíram a várias unidades hoteleiras um novo surto devido ao incumprimento das medidas de restrições que estavam à data em vigor para os viajantes que chegavam de outros países, havendo mesmo um escândalo num desses hotéis depois de vários guardas terem mantido relações sexuais com turistas que deveriam estar a cumprir quarentena e acabaram por ter resultados positivos, contagiando com o novo coronavírus outros elementos do hotel e a comunidade. No centro da investigação das autoridades apareceu o Park Hotel.

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A Reuters, que fala numa unidade hoteleira com 107 quartos todos com ar condicionado num hotel de 4.5 estrelas com o preço de 74 dólares por noite (com o pormenor de, segundo o Tripadvisor, estar apenas cotado como o 105.º melhor entre 170 em Melbourne), recorda também algo que explica os protestos que existem ainda hoje nas paredes: desde dezembro de 2020, mês em que houve um pequeno incêndio sem razões conhecidas, o Park Hotel passou a receber ainda mais pessoas na mesma situação em que se encontra hoje Djokovic, mais de 12 desde que o governo começou a enviar quem tinha problemas com os vistos – e é isso que tem levado ainda antes deste caso ativistas a manifestarem-se em frente ao edifício.

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“O Novak está detido como um prisioneiro. Isto não é justo, não é humano. O alojamento é horrível. É um hotel pequeno para refugiados, com insetos. É sujo, a comida é péssima, não lhe dão a oportunidade de mudar-se para uma casa que já está alugada”, comentou a mãe do jogador, Dijana Djokovic. “O hotel de terror tem uma história horrível, uma onda mortal espalhou-se a partir de lá”, escreveu o jornal sérvio Telegraf. “30 crianças estão fechadas aqui e levam 3.092 dias de tortura”, aponta uma das pinturas feitas pelos manifestantes e ativistas numa das paredes do hotel, visando o problema migratório que existe. “Foi um choque para mim. A comida que nos entregam coloca as pessoas em perigo, até um animal não pode comer aquela comida”, contou Mustafa Salah, um iraquiano detido à espera do asilo, à SBS News.

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“Um desportista super rico está detido por uma noite e os meios do mundo estão todos lá com ele, já os refugiados estão fechados no mesmo lugar passados nove anos e a maioria dos jornalistas não vê essas histórias. Os refugiados têm os mesmos direitos que os jogadores de ténis famosos”, escreveu na sua conta do Twitter o senador Nick McKim, do Partido Verde. O ABC faz também referência às manifestações que se cruzam com o apoio a Djokovic, sobretudo de ativistas que pedem a libertação de refugiados da Papua Nova Guiné ao Iraque, com denúncias de torturas e maus tratos a quem não tem visto após imagens que foram sendo partilhadas pelos imigrantes da comida e da falta de condições sanitárias na “jaula”, o nome pelo qual o Park Hotel passou a ser conhecido sobretudo nas últimas semanas.

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