O antigo primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahi, está a negociar um acordo judicial para por termo ao seu julgamento por corrupção que pode afastá-lo da política israelita durante os próximos sete anos.
A informação foi inicialmente avançada pelo jornal israelita Maariv e confirmada ao New York Times por três fontes, uma delas Aharon Barak, antigo presidente do Supremo Tribunal, que estará a servir de mediador no processo. Um porta-voz do ministério da Justiça confirmou ainda ao jornal que estão a decorrer negociações, mas não adiantou mais pormenores.
Apesar disso, os jornais já têm pormenores sobre o que estará em causa. Netanyahu deverá admitir dois crimes de quebra de confiança e terá de cumprir uma pena suspensa, bem como serviço comunitário. O único ponto de discórdia que está a prolongar as negociações é o crime de depravação moral, que o líder do Likud não quer assumir. Se o fizer, Netanyahu terá de cumprir uma pena de sete anos de afastamento da vida política.
A concretizar-se, essa pena teria efeitos estrondosos na política israelita. Benjamin Netanyahu é atualmente o líder da oposição, depois de ter cumprido 13 anos como primeiro-ministro e estabelecido um recorde de longevidade na política do país. O caso de corrupção em que está envolvido — onde está acusado de três crimes (quebra de confiança, aceitação de suborno e fraude) — foi o argumento usado pelos partidos que compõem a atual coligação que está no poder para não incluir o Likud.
Se Netanyahu for afastado da liderança do partido, o Likud iniciará uma nova corrida à liderança que pode alterar o panorama político no país. O Times of Israel avança que algumas figuras do partido já se estão a preparar para a sucessão. É o caso do antigo ministro Israel Katz, que já assumiu que pode dar “uma clara alternativa” ao governo atual, bem como Amir Ohana, que faz a sua candidatura depender de quem são os adversários. Também o antigo presidente da Câmara de Jerusalém, Nir Barkat, disse estar disponível para suceder a Netanyahu.
Aharon Barak, que estará a mediar as negociações, justificou o acordo como uma forma de resolver um caso que tem “dividido a nação”. “Para curar essa divisão, um acordo judicial é a opção preferencial”, afirmou ao Ynet.