A polémica Djokovic-Austrália ficou resolvida no que toca à participação do sérvio no Grand Slam que se disputa em Melbourne e também à sua presença no país. O tenista número um do mundo deixou o território australiano ainda na manhã (de Portugal) de domingo. Mas a acalmia durou pouco, se é que existiu, na modalidade e nos maiores palcos da mesma: porque se há menos de 15 dias o governo francês tinha dado a ideia de que Djokovic poderia participar em Roland Garros, que se disputa entre o final de maio e o meio de junho, essa ideia saiu agora do court com a aprovação de um projeto lei que vai obrigar a um certificado de vacinação.

Foi a ministra do Desporto francesa, Roxana Maracineanu, a dar a notícia poucas horas depois de o parlamento francês aprovar definitivamente o projeto de lei que vai impor o certificado de vacinação à Covid-19 para várias atividades da vida social, entre elas assistir e participar em eventos desportivos.

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Na rede social Twitter, Maracineanu confirmou que o passaporte sanitário foi adotado, pelo que “desde que a lei seja promulgada, será obrigatória a entrada em espaços já sujeitos ao certificado (estádios, teatros ou salas) a todos os espectadores, praticantes, profissionais, franceses ou estrangeiros”.  A governante tinha, a 7 de janeiro, — já durante a quente questão da participação, ou não, de Novak no major australiano,— indicado que, apesar da sua recusa em ser vacinado, o sérvio poderia sempre participar no Roland Garros. Poderia assim tentar chegar à 21.ª vitória num torneio do Grand Slam o que, caso Nadal não vença na Austrália, podia então distanciá-lo do espanhol e ainda de Roger Federer.

Na altura, a ministra argumentou que França aplicaria uma exceção à obrigação do certificado de vacinação aos atletas em competições internacionais, para que os novos regulamentos franceses não se aplicassem a eles e pudessem competir mesmo sem estar vacinados.

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No entanto, não é o que diz o projeto de lei do certificado de vacinação em França que deve entrar em vigor no final desta semana, depois de apreciado constitucionalmente. Quando for promulgado, Novak Djokovic até poderá entrar em França sem estar vacinado, mostrando um teste negativo, por exemplo. Mas estará limitado noutras atividades.

Maracineanu aproveitou para agradecer a todo o movimento desportivo pelo que tem feito em prol da vacinação, deixando ainda a ideia de que é necessário um trabalho conjunto para “preservar competições” e, ainda, promover os certificados de vacinação a um “nível internacional”.

Se para Roland Garros a solução para Djokovic se mantiver igual ao que aconteceu na Austrália (com a exigência da vacinação), como fica o ano do tenista de 34 anos?

Um ano mais novo que Nadal e seis do que Federer, tornar-se o melhor de sempre a nível de conquistas de majors parecia quase inevitável, mas há agora uma incógnita (e deverá causar polémica em todo o lado) nas possíveis participações em torneios no remanescente da época.

Como explica a BBC, pelo  menos a curto/médio prazo, Djokovic costuma estar ausente da competição algumas semanas depois do Open da Austrália, para estar pronto a participar nos Masters ATP de Indian Wells e Miami, nos EUA. Ora, quem não for residente em solo norte-americano tem de estar vacinado e demonstrar prova de o estar antes de embarcar num avião que descole para os EUA. Isto segundo o Departamento de Estado dos EUA. Existem “exceções”, mas prendem-se com “contraindicações médicas documentadas” que impeçam a toma da vacina contra a Covid-19.

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Depois da Florida, a época dos melhores tenistas do mundo muda-se para a Europa e para a terra batida, sendo que o primeiro torneio de renome é o de Monte Carlo, onde Djokovic voltou inclusivamente à competição em 2021 após a vitória em Melbourne. No principado do Mónaco, pessoas que não estejam vacinadas contra a Covid-19 podem entrar no território se tiverem prova de um teste PCR positivo com mais de 11 dias (nos últimos seis meses), sendo que de outra forma devem fazer uma quarentena cujo tempo alguns testes podem diminuir.

Passado o torneio de Monte Carlo, existem Masters em Roma e Madrid antes de Roland Garros. Até à notícia mais recente vinda de França, os gauleses estavam, juntamente com italianos e espanhóis, num grupo de países em que, dentro de determinadas circunstâncias, nomeadamente através de testes, ou mesmo de períodos de quarentena, é possível entrar-se sem se estar completamente vacinado.

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No final de junho aparece então o terceiro Grande Slam do ano: Wimbledon, onde o ano passado Djokovic conseguiu o seu sexto título no All England Club. Segundo a BBC, ainda é cedo para explicar ou definir as restrições que possam ser impostas aos jogadores, apenas que deverão ser impostas a nível governamental ou, pelo menos, com relevantes linhas de orientação do Governo inglês.

“Tudo o que posso dizer sobre Novak Djokovic é que acredito que ser vacinado é algo maravilhoso de se fazer”, disse o primeiro-ministro Boris Johnson sobre o caso. Atualmente, pessoas não vacinadas podem entrar em Inglaterra se completarem dez dias de quarentena e, ainda, ter um teste PCR antes de entrarem e mais dois (nos dias dois e oito) depois de chegarem.

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