Em 2021, Novak Djokovic foi o 46.º atleta mais bem pago do mundo. Entre as quantias avultadas que amealhou entre conquistas de Grand Slams, vitórias e resultados positivos, o tenista sérvio somou 30 milhões de dólares somente a partir dos contratos de patrocínios e publicidade que tem. Agora, na sequência de toda a polémica com a deportação da Austrália, a ausência do Open que já começou e a possibilidade de não competir em Roland Garros, no US Open ou em Wimbledon, Djokovic pode começar a perder o apoio das marcas que representa.

Esta segunda-feira, a Lacoste tornou-se o primeiro patrocinador do tenista a admitir que vai conversar com Djokovic para perceber melhor tudo o que passou nas últimas duas semanas. “Vamos entrar em contacto com o Novak Djokovic o mais depressa possível para rever todos os acontecimentos que o acompanharam na Austrália. Desejamos um excelente torneio a todos e agradecemos aos organizadores por todos os esforços para garantir que a competição acontece com as melhores condições para jogadores, staff e espectadores”, indicou a marca francesa em comunicado.

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Para além das dúvidas sobre a veracidade do teste positivo de Djokovic, da violação do isolamento enquanto estava alegadamente infetado e do facto de ter mentido sobre ter viajado nos 14 dias anteriores à entrada na Austrália, a efetividade da deportação pode servir como o ponto de partida para o divórcio entre o tenista e os patrocinadores. Até aqui, mesmo durante as últimas semanas, quase todas as marcas que têm ligações com o sérvio mantiveram o silêncio — incluindo a Lacoste — e a Hublot chegou mesmo a reforçar a confiança em Djokovic.

“A Hublot vai continuar a parceria com o tenista número 1 do mundo. O Novak Djokovic é um ser individual. Não podemos comentar nenhuma das suas decisões pessoais”, defendeu, ao Telegraph, a marca suíça de relógios. Ainda assim, o comentário da Hublot surgiu no dia seguinte a um dos tribunais de Melbourne ter decidido a favor do atleta, decretando a libertação de Djokovic e a revogação do cancelamento do visto. Já depois de confirmada a deportação, a CNN tentou contactar novamente a Hublot, assim como a Peugeot e a Asics, três dos principais patrocinadores do sérvio. Nenhum quis comentar.

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A possibilidade de Djokovic ficar sem o apoio dos principais patrocinadores na sequência da deportação da Austrália torna-se ainda mais viável com a notícia desta segunda-feira que dá conta de que a Nike, o gigante de vestuário e calçado desportivo, vai dispensar todos os funcionários que não estejam vacinados. De acordo com a imprensa norte-americana, a Nike já tinha anunciado essa intenção no final do ano e enviou emails às 14.000 pessoas que trabalham na sede da empresa, no Oregon, dando como limite o dia 15 de janeiro para todos provarem que estão vacinados. O processo de despedimento daqueles que não o fizeram já foi iniciado.

De recordar que a rescisão de contratos entre patrocinadores e atletas na sequência de casos polémicos é algo habitual. Quando Cristiano Ronaldo foi acusado de abuso sexual pela norte-americana Kathryn Mayorga, a EA Sports apressou-se a apagar a imagem do jogador português das imagens de promoção do jogo FIFA 19 e o respetivo perfil do FIFA 18 foi apagado do site da empresa. A Nike, assim como a Lacoste fez agora com Djokovic, mostrou-se “profundamente preocupada” mas não chegou a tomar nenhuma atitude com os desenvolvimentos do caso.

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Mas um dos maiores exemplos de cenários semelhantes é o de Lance Armstrong. Quando ficou provado que o ciclista norte-americano tinha utilizado doping durante grande parte da carreira, algo que fez com que perdesse os títulos dos sete Tours que havia conquistado, os patrocinadores afastaram-se em catadupa: Nike, Trek, Anheuser-Busch e Oakley, entre muitas outras, deixaram Armstrong, que acabou por perder cerca de 20 milhões de dólares anuais que recebia com os contratos publicitários.