A Autoridade da Concorrência (AdC) deu luz verde à compra pela filial portuguesa do operador espanhol de telecomunicações Cellnex à PT Portugal de mais ativos da infraestrutura passiva da MEO, segundo aviso publicado.
A operação de concentração, notificada em finais de dezembro, mereceu a deliberação de não oposição da AdC, tomada terça-feira pelo Conselho de Administração do regulador, “uma vez que a mesma não é suscetível de criar entraves significativos” à concorrência efetiva nos mercados identificados.
A operação, que prolonga a colaboração entre a Cellnex e a MEO Portugal iniciada em 2020, consiste na compra de um conjunto de ativos a integrar uma NewCo e que correspondem à infraestrutura passiva para alojamento de equipamento da rede móvel (macro-sites), atualmente detida pela Meo, bem como os correspondentes direitos e todos os contratos relacionados e acordos subjacentes.
“Os ativos PT serão objeto de um ‘carve-out’ [reorganização societária, na qual a empresa cria uma nova subsidiária] para uma NewCo, e sobre a qual a CLNX Portugal adquirirá o controlo exclusivo”, lê-se no aviso.
O Grupo Cellnex é um operador europeu independente de infraestruturas de telecomunicações que suportam equipamentos de ligações sem fios. Em Portugal, a Cellnex – que se dedica principalmente à atividade de instalação e gestão de infraestruturas passivas de suporte a redes de telecomunicações sem fios – detém e explora mais de 5.000 macro-sites, através da OMTEL e ON Tower, segundo o aviso.
Esta operação de concentração surge depois de, em agosto de 2021, a AdC ter também adotado uma decisão de não oposição à compra de 700 tores da Altice pela Cellnex Portugal, por 209 milhões de euros, a quinta transação da Cellnex em Portugal desde setembro de 2018, envolvendo um investimento total superior a 2.000 milhões de euros, segundo comunicado pela empresa na altura.
Em abril de 2020, a Cellnex anunciou a compra à NOS da totalidade do capital social da NOS Towering, num acordo com um pagamento inicial de 375 milhões, mas cujo valor total pode ascender a 550 milhões de euros em seis anos.
Em 2020, os prejuízos da Cellnex agravaram-se para 133 milhões de euros, contra nove milhões um ano antes, devido a “elevadas amortizações” e custos financeiros associados a aquisições, enquanto as receitas atingiram os 1.608 milhões de euros, um aumento de 55% face a 2019.
Na altura da divulgação dos resultados, em fevereiro de 2021, o presidente executivo da Cellnex, Tobias Martinez, afirmou que 2020 tinha sido “um ano excecional na história da Cellnex” e anunciou novas operações de crescimento em Portugal, Áustria, Dinamarca, França, Irlanda, Itália, Holanda, Polónia, Suécia e Reino Unido.