Comprada em 2004 pelo Grupo Espírito Santo e em processo de insolvência desde 2017, o Vale Feitoso, a maior herdade vedada de Portugal, foi finalmente (e após várias tentativas chumbadas pelo Ministério Público) vendido em leilão em fevereiro do ano passado, ao fundo de investimento espanhol Vestain Spain, por 20,6 milhões de euros. Agora, cerca de um mês depois da escritura, assinada a 14 de dezembro, o grupo começa a revelar os planos que tem para a propriedade de 7.373 hectares, que se estende ao longo do território dos concelhos de Idanha-a-Nova e Penamacor, distrito de Castelo Branco.
Em entrevista ao Jornal de Notícias desta quarta-feira, o administrador Ricardo Estrela, português, revela que a Vestain Spain pretende investir, ao longo dos próximos anos e na Península Ibérica, 50 milhões de euros na compra de propriedades florestais.
Na recuperação do Vale Feitoso, a empresa — que tem negócios na mesma área, para além de em Espanha, no Reino Unido, Alemanha e França — tenciona investir 5 milhões de euros e dar emprego a 50 pessoas das freguesias vizinhas (neste momento são 16 os funcionários da herdade).
O objetivo, explica o responsável, é tornar a herdade “autossustentável”. Para isso, foi delineado um plano, que passará pela retoma da atividade pecuária, em pausa desde que a família Salgado saiu de cena e a herdade foi entregue ao Novo Banco, e pela produção biológica de carne, enchidos e azeite. Aproveitando os cerca de 70 núcleos de habitação rural espalhados pela propriedade, vão ser também criados novos alojamentos turísticos e serão ainda sinalizados vários percursos terrestres, nomeadamente ao longo do Erges, rio que a atravessa.
Já a caça, que nunca parou, nem nos anos mais recentes, vai manter-se como um dos principais pilares de atividade do Vale Feitoso. De acordo com o JN, todos os anos acorrem àquela que é “a maior área cinegética contínua do país” entre 250 a 300 caçadores, acompanhados pelas respetivas famílias. “É um movimento que queremos elevar”, diz Ricardo Estrela ao jornal.