A junta militar no poder no Mali decidiu expulsar o embaixador de França, reforçando a tensão nas relações bilaterais, anunciou esta segunda-feira a televisão estatal do país africano (ORTM).

O governo da República do Mali informa a opinião nacional e internacional que hoje (…) o embaixador francês em Bamako, sua excelência Joël Meyer, foi convocado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação Internacional (e) que foi notificado da decisão do governo que o convida a deixar o território nacional no prazo de 72 horas, segundo um comunicado de imprensa apresentado pela televisão estatal.

O diplomata foi convocado esta segunda-feira de manhã pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, tendo o ministro Abdulaye Diop comunicado a decisão, lê-se ainda no comunicado lido pela ORTM.

Segundo fontes diplomáticas, a convocatória do embaixador está relacionada com declarações de França sobre as novas autoridades malianas, saídas dos golpes militares de 2020 e 2021.

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Na semana passada, a ministra da Defesa francesa, Florence Parly, deixou claro que o seu país não continuaria a envolver-se militarmente “a qualquer preço” no Mali, onde desde 2013 mantém tropas para lutar contra grupos jihadistas, após múltiplos desaires da junta militar que está agora no poder em Bamako.

Em entrevista à rádio France Inter, Parly disse que a França quer continuar a sua missão no Sahel e justificou essa vontade para que não seja permitido que “santuários jihadistas ou terroristas sejam estabelecidos naquela parte do mundo”. Mas reconheceu que as condições para esta intervenção “são cada vez mais difíceis”.

O principal motivo são as decisões da junta militar no Mali, que, na opinião da França, têm uma legitimidade “questionável” porque não respeitou o calendário para organizar eleições e devolver o poder aos civis e pretende manter-se no poder “o mais que lhe possível”.

As autoridades no poder em Bamako manifestaram a sua insatisfação com a presença da força militar europeia Takuba, liderada pela França, e estão a negociar com a empresa privada de mercenários russa Wagner, ligada ao Presidente russo Vladimir Putin.

A França enviou um contingente militar para o Mali na sequência de um pedido nesse sentido das então autoridades malianas para ajudar a prevenir que grupos jihadistas, que controlavam muitas regiões do norte, conquistassem o resto do território.

Atualmente, existem cerca de 5.000 soldados franceses na força Barkhane, que integra militares de vários países do Sahel, e no dispositivo europeu Takuba, para assistir o exército maliano.

Mas no verão passado, o Presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou uma retirada e uma reconfiguração dessa força, que deve manter entre 2.500 a 3.000 efetivos até 2023.