Cerca de 75% das pessoas que necessitaram de ser hospitalizadas e que estavam infetadas com o SARS-CoV-2 foram internadas em consequência direta da infeção pelo coronavírus que provoca a Covid-19, anunciou esta sexta-feira a Direção-Geral da Saúde (DGS).
“Historicamente, pela análise dos dados de internamentos referentes ao período entre 2 de março de 2020 e 10 de dezembro de 2021, verifica-se que, das pessoas internadas com uma infeção por SARS-CoV-2, cerca de 75% estavam internadas por consequência direta dessa infeção“, adiantou a DGS.
Numa informação sobre internamentos no âmbito da pandemia publicada no seu “site”, a DGS admitiu que, com os elevados níveis de infeção registados na população e a menor gravidade da variante Ómicron, “é provável que este valor venha a reduzir-se”, mas o seu apuramento com rigor apenas é possível dois meses após o internamento. A autoridade de saúde clarificou que a distinção entre o diagnóstico principal que motivou o internamento e o diagnóstico secundário de Covid-19 — por exemplo, uma pessoa com uma fratura e que é diagnosticada com SARS-CoV-2 — ocorre no momento da alta hospitalar emitida pelo médico.
“Cada diagnóstico é posteriormente codificado na base de dados que inclui todos os episódios hospitalares de internamento em Portugal” e decorre sempre da avaliação clínica, ficando os dados disponíveis cerca de dois meses após a data da infeção, avançou a DGS. A entidade liderada por Graça Freitas adiantou ainda que procede ao apuramento de “três tipos de indicadores importantes” relativamente aos internamentos, no âmbito da pandemia de Covid-19.
Diariamente, as administrações regionais de saúde “recolhem manualmente” de forma agregada junto dos hospitais o número total de camas ocupadas por doentes com infeção por SARS-CoV-2 em enfermaria e em unidades de cuidados intensivos (UCI), avançou a DGS. Estes dados são comunicados à Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), que os processa e valida, partilhando-os posteriormente com a Direção-Geral da Saúde, que os divulga através de um boletim diário.
“A monitorização desta informação de saúde é importante para fins de planeamento de cuidados hospitalares, para garantir que a capacidade de resposta hospitalar é mantida e para que sejam implementadas medidas de controlo de infeção. Este indicador fornece, portanto, em tempo real, mas sem grande detalhe, informação relativa à pressão sobre os serviços de saúde decorrente do número de doentes com infeção por SARS-CoV-2″, explicou a DGS.
Além deste boletim, esta entidade divulga às sextas-feiras, no relatório de monitorização das “linhas vermelhas”, a proporção de camas de cuidados intensivos ocupadas relativamente à capacidade máxima definida como nível de alerta e a caracterização dos doentes que as ocupam. “Estes dados traduzem a capacidade hospitalar e o impacto na prestação de cuidados de saúde”, adianta o comunicado.
Relativamente ao risco de internamento por causa da Covid-19 (diagnóstico principal) entre pessoas infetadas com SARS-CoV-2, a DGS refere também que divulga esta informação por grupo etário e estado vacinal no relatório das “linhas vermelhas”. Dá o exemplo das pessoas infetadas com 80 ou mais anos, em que, em cada 100 sem o esquema vacinal completo, cerca de 19 pessoas foram internadas por causa da Covid-19.
“Por cada 100 pessoas com um esquema vacinal completo, cerca de oito pessoas foram internadas por causa da Covid-19. Por cada 100 pessoas com uma dose de reforço, cerca de quatro pessoas foram internadas por causa da Covid-19”, adiantou a DGS.