Começou no Grupo Recreativo Olival de Basto (ou GROB), passou pelo Póvoa de Santo Adrião Atlético Clube (ou PSAAC), chegou ao Sporting com apenas 13 anos para o último ano como infantil. Para trás tinha ficado o nascimento em Bissau, a mudança para Portugal ainda muito novo, os primeiros jogos no rinque antes de passar pela primeira vez para um clube por influência na prima. Nesses testes que fez em 2013 para chegar a Alvalade, ainda se recorda de ver na bancada Nuno Dias e alguns dos jogadores que estavam nos seniores como João Matos. Menos de dez anos depois, nem uns, nem outros poderiam adivinhar o que estava ali.

Zicky mostra que não são só os pés nem as mãos, é tudo da cabeça: Portugal sagra-se bicampeão europeu (e pivô já ganhou tudo aos 20 anos)

Izaquiel Gomes Té teve no primo Domingos o seu ídolo e impulso para uma carreira no futsal e na prima a alcunha de Zicky. Foi assim que cedo começou a ser conhecido entre os adeptos verde e brancos ao longo de vários anos na formação entre iniciados, juvenis e juniores. Poucos se recordavam de ver alguém tão novo e com aquelas características a jogar numa posição como é a de pivô e os golos e títulos que ia somando, uns atrás dos outros, o que fez com que, entre 2018 e 2020, fizesse os primeiros sete encontros pelos seniores (com quatro golos), o primeiro dos quais na segunda jornada de 2018/19 com o Pinheirense aos 17 anos.

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Em 2020/21, depois da suspensão das provas devido à pandemia, Zicky subiu de vez ao conjunto principal e tornou-se uma espécie de rei Midas que ganha onde toca. No Sporting conquistou o Campeonato, a Taça de Portugal, a Taça da Liga e a Liga dos Campeões em 2020/21 (com 18 golos em 44 jogos) e a Supertaça em 2021/22 (sete golos em 20 jogos). Na Seleção ganhou o Mundial de 2021 e agora o Europeu de 2022.

Aos 20 anos, Zicky, o mais novo de sempre a marcar num encontro da Liga, ganhou tudo o que havia para ganhar no plano coletivo e já consegue também somar a isso alguns troféus individuais, juntando agora o prémio de Melhor Jogador Jovem do Futsal Plantel ao de MVP do Campeonato da Europa. Isso além de elogios atrás de elogios que chegam também da imprensa espanhola, que há muito considera o jogador como o próximo melhor do mundo – com tudo o que isso poderá levantar de interesse de clubes estrangeiros.

“Prémio de MVP? Arrepiar é pouco. Não consegui conter as lágrimas. Esta conquista faz-me lembrar todo o trabalho que tive para chegar aqui, todos os momentos em que levei na cabeça, durante a preparação. Os meus colegas sempre me motivaram. Este título podia ser atribuído a qualquer colega meu. Sucesso aos 20 anos? Não esperava, mas trabalhei para que isso fosse possível. Fico muito feliz por estar a acontecer-me isto com esta idade”, comentou Zicky no final do triunfo frente à Rússia já como MVP do Europeu.

“Há que salientar a força de vontade desta equipa. Nunca se verga perante ninguém. Damos a cara e vamos à luta. A nossa mentalidade é muito forte. Trabalhei muito com um mental coach para enfrentar estes jogos. A este nível tudo conta, sobretudo a mentalidade. Segredo para a reviravolta com a Rússia? Olhámos mais para nós e acabámos por melhorar o desempenho coletivo”, salientou o pivô português.