A presidente da Comissão Europeia insistiu esta segunda-feira na importância de a União Europeia ser mais independente em termos de Energia, advertindo que enquanto tal não acontecer a Rússia pode utilizar o fornecimento de gás à Europa como “ameaça”.
“Não podemos descartar que o Kremlin continue a utilizar o gás como uma ameaça, e por isso temos de ser mais independentes“, declarou Ursula von der Leyen, intervindo por videoconferência num evento sobre o Futuro da Europa organizado a partir de Berlim.
A presidente do executivo comunitário comentou a propósito que é “estranho” o comportamento do gigante russo do setor do gás, a Gazprom, de, na situação atual, não aumentar os volumes de fornecimento à Europa.
Von der Leyen advoga por isso novas alianças energéticas, designadamente com os Estados Unidos (EUA), no mesmo dia em que se celebra em Washington a primeira reunião do Conselho de Energia UE-EUA dos últimos quatro anos, com a participação do Alto Representante da UE para a Política Externa e de Segurança, Josep Borrell, do chefe da diplomacia norte-americana, Anthony Blinken, da comissária europeia da Energia, Kadri Simson, e da secretária norte-americana com a mesma pasta, Jenniger Granholm.
De acordo com o Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE), o corpo diplomático da UE dirigido por Borrell, este Conselho de Energia UE-EUA “será crucial para levar por diante a cooperação em matéria de segurança energética e no compromisso conjunto de acelerar uma transição justa e limpa para a neutralidade climática para os cidadãos da UE, dos Estados Unidos, e de todo o mundo”.
“O evento ocorre num momento crucial para abordar a questão do aprovisionamento energético, a fim de abordar a disponibilidade do gás natural e os preços voláteis”, aponta um comunicado do SEAE.
Esta reunião tem lugar poucos dias depois de UE e EUA se terem comprometido a cooperar para assegurar um “fornecimento contínuo, suficiente e atempado” de gás à Europa em caso de perturbações resultantes de “nova invasão russa” na Ucrânia.
“Os Estados Unidos e a UE estão a trabalhar em conjunto para um fornecimento contínuo, suficiente e atempado de gás natural à União a partir de diversas fontes em todo o mundo para evitar choques de fornecimento, incluindo os que poderiam resultar de uma nova invasão russa da Ucrânia”, lia-se numa declaração conjunta da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e do Presidente norte-americano, Joe Biden, publicada em 28 de janeiro.
Num artigo de opinião publicado domingo no seu blog, Borrell comentou que a cooperação entre UE e Estados Unidos em matéria de Energia envia “uma forte mensagem” a quem pretende dividir os dois blocos e utilizar o fornecimento de gás como “uma arma de influência geopolítica”.