Mais do que um pequeno construtor de hiperdesportivos de luxo, a Koenigsegg é há muito vista como uma espécie de laboratório de ideias, de onde saem curiosas soluções de engenharia que colocam a marca fundada por Christian von Koenigsegg entre os mais reputados construtores de automóveis, no que à inovação diz respeito. A lista é extensa, mas tudo indica que estes suecos (ainda) vão continuar a surpreender com os seus trunfos tecnológicos, com direito a nome próprio. Recorda-se do “David”, o inversor mais compacto do mundo? Pois bem, tem agora a companhia de um par de “mínimos”: um motor eléctrico tão pequeno que cabe numa mochila e um conjunto motopropulsor com duas unidades motrizes eléctricas da mesma bitola. A Koenigsegg chamou-lhes, respectivamente, Quark e Terrier. O interesse? Não se destinam apenas a superdesportivos, podendo ganhar asas e voar… literalmente. Ou navegar.

David bate Golias (outra vez). E é por isso que a Koenigsegg é respeitada

Projectado para o Gemera, um coupé de quatro lugares com 1724 cv (cerca de 1,27 MW) de que vão ser produzidas 300 unidades – com um preço a rondar 1 milhão de euros –, o Quark é um “mínimo” motor eléctrico que combina tecnologia de fluxo radial e axial para optimizar o equilíbrio entre potência e binário, debitando 250 kW (340 cv) e 600 Nm durante 20 segundos. Funciona como uma espécie de boost, o que é habitual nos modelos eléctricos mais “vitaminados” do Grupo Volkswagen, nomeadamente no Taycan. Após esse tempo, a potência e o binário caem para 134 cv e 100 Nm, respectivamente, o que em si não constitui um problema, na medida em que o “Quark foi projectado para reforçar o desempenho do Gemera a baixa velocidade”, para que a combinação do motor de combustão com os três motores eléctricos o empurre de 0 a 100-km/h em 1,9 segundos, para depois atingir a fasquia de 400 km/h de velocidade máxima. Tudo isto, conforme realça o líder de design de motores eléctricos na Koenigsegg, Dragos-Mihai Postariu, permite “um substancial aumento de potência”, seguido por um incremento contínuo de velocidade, “sem perdas de binário ou de potência”.

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Pesando menos de 30 kg e sendo altamente compacto (ficha técnica aqui), o Quark é um motor eléctrico sem comparação na indústria, garante a Koenigsegg. A foto, ao lado de uma lata de 330 ml, é suficientemente elucidativa do quão pequena é esta criação que, juntamente com o David – o mais pequeno inversor de seis fases no mercado – permite aos suecos ir mais além e sonhar com voos fora de piso firme.

De acordo com a empresa de Ängelholm, o potencial do Quark nas indústrias marítima e aeronáutica, em particular nos VTOL (aparelhos voadores com descolagem e aterragem na vertical), é tremendo, na medida em que dispensa embraiagem, com a transmissão directa a permitir tirar partido da rotação “certa” do motor “desde o início”.

Tendo o Quark e o David, a Koenigsegg decidiu ir mais além e conceber o Terrier (dados provisórios), que mais não é do que um sistema de propulsão eléctrico que combina dois motores Quark e o referido inversor ultracompacto para entregar 680 cv e 1100 Nm. Valores colossais, num pacote que pesa somente 85 kg e ocupa um volume de 40 litros! E como o peso é o pior inimigo de qualquer veículo eléctrico, a leveza desta solução promete, esgrimindo como vantagens a vectorização do binário e o facto de se adaptar com facilidade a qualquer chassi monobloco.