A indústria portuguesa de calçado exportou 1.676 milhões de euros em 2021, mais 12% face a 2020 e 6% abaixo de 2019, com o último trimestre do ano a superar “as melhores previsões”, anunciou quinta-feira a associação setorial.

“O último trimestre foi já o melhor de sempre (mais 6% do que em 2019) do calçado português nos mercados internacionais, para onde o setor exporta mais de 95% da sua produção”, avança a Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS) em comunicado.

De acordo com a associação, “ainda que os dados internacionais apontem para uma recuperação plena do calçado a nível mundial apenas em 2023, no caso português o último trimestre do ano superou já as melhores previsões”.

A APICCAPS recorda que o impacto da pandemia provocou uma queda do consumo de calçado na ordem dos 20% a nível mundial, que se traduziu numa quebra de quatro milhões de pares, “o equivalente a 70 anos de produção de calçado em Portugal”.

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Na totalidade do ano 2021, Portugal exportou 69 milhões de pares de calçado, no valor de 1.676 milhões de euros, tendo as vendas crescido “em todos os mais relevantes mercados”, com destaque para o alemão, com um acréscimo de 28%, para 389 milhões de euros.

“Depois de meses de alguma indefinição”, o mercado francês recuperou e terminou com um crescimento de 4,2%, para 334 milhões de euros, enquanto os Países Baixos aumentaram 16,6%, para 248 milhões de euros.

Fora da Europa, a APICCAPS realça os “bons desempenhos” nos EUA (mais 15,2%, para 75 milhões de euros), Canadá (mais 26,7%, para 12 milhões de euros), China (mais 17,1%, para 20 milhos de euros) e Austrália (mais 39,8%, para nove milhões de euros).

A associação destaca mesmo que, em alguns segmentos de produtos, como o calçado segurança (crescimento de 16% para 29 milhões de euros), calçado impermeável (mais 56%, para 56 milhões de euros) ou calçado em materiais têxteis (crescimento de 36%, para 75 milhões de euros) o setor alcançou “novos máximos históricos em matéria de exportação”.

“O setor terminou o ano a crescer a um excelente ritmo no exterior, sendo esse um registo que pretendemos manter em 2022”, sublinha o presidente da APICCAPS, citado no comunicado.

Segundo Luís Onofre, “as empresas foram resilientes, adaptaram-se a um mercado em mudança e fizeram o trabalho de casa para estarem, agora, bem posicionadas para enfrentar uma nova década de crescimento nos mercados internacionais”.

No que se refere às importações, em 2021 somaram 44 milhões de pares, no valor de 527 milhões de euros (mais 2,7%), o que resulta num saldo positivo do setor de 1.149 milhões de euros.

“O calçado continua a desempenhar um papel muito relevante na economia portuguesa, sendo um dos produtos que mais positivamente contribui para o equilíbrio da nossa balança comercial externa“, salienta Onofre.

De acordo com a APICCAPS, o ano 2021 foi também “de afirmação no exterior” para o setor de artigos de pele e marroquinaria, que bateu um novo recorde ao exportar um total de 202 milhões de euros, mais 31% face ao ano anterior.

Os artigos de pele portugueses “cresceram praticamente em todos os mercados”, com destaque para os desempenhos em Espanha (mais 24%, para 53 milhões de euros) e França (mais 49%, para 44 milhões de euros).