O ataque que o jovem de 18 anos estava a planear na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) ainda apresenta algumas pontas soltas. A Polícia Judiciária (PJ) promete divulgar esta sexta-feira mais informações sobre o caso, mas até ao momento é possível compilar as seguintes informações:

Quem é este jovem?

Com 18 anos e oriundo de uma aldeia do concelho da Batalha, o suspeito é um estudante universitário de engenharia informática da FCUL, de nacionalidade portuguesa. Vivia em Lisboa e não tem cadastro. O jovem sofria de síndrome de Asperger, era considerado “extremamente inteligente” e tinha um perfil “discreto e introvertido”. Seria “vítima de violência” e absorvia de forma maciça informações sobre tiroteios que ocorriam em escolas norte-americanas, algo que queria replicar em Portugal. Era também fã de banda desenhada japonesa.

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O que motivou o ataque?

Ainda não é claro o que motivou o ataque, apesar de se descartarem desde já motivações religiosas. Fontes próximas da investigação explicam que seria uma maneira de o jovem se vingar da violência de que teria sido alvo por parte de colegas, mas tal cenário foi rejeitado. De acordo com o que o Observador apurou junto da PJ, o jovem fixava-se, apenas, no “gosto por ver alguma violência”, além de que é possível que o ataque tenha origem no facto de ter sido vítima de plágio na faculdade.

Como planeava o ataque?

A PJ adianta que o jovem tinha um plano escrito, numa folha, com os detalhes da ação criminal a desencadear, em que também fazia uma programação em termos horários — desde o que ia fazer quando acordasse até ao “momento final”. O suspeito chegaria à faculdade por volta das 12h, tendo previsto começar o ataque às 13h, hora na qual estavam marcados 13 exames na FCUL, incluindo programação do curso de engenharia informática.

No quarto, o jovem de 18 anos tinha uma placa em cortiça com a inscrição “last day” (último dia) e também planeava, no seu diário, comer uma “last meal” (última refeição). Este cenário dá entender que o suspeito estava a contar morrer após perpetrar o ataque e que pretendia causar o maior número possível de danos.

Em casa, o suspeito guardava ainda “várias armas proibidas”, como facas, catanas e bestas. Foram ainda encontradas botijas de gás pequenas, gasolina e alguns utensílios.

Segundo explicou ao Observador fonte conhecedora da investigação, o jovem de 18 anos pretenderia provocar explosões. Não se sabe como e onde é que o jovem adquiriu este tipo de material.

De acordo com a CNN, o jovem tinha ainda planeado o ataque para segunda-feira, dia 7 de fevereiro, mas acabou por voltar para trás.

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Qual era o seu objetivo?

É praticamente certo que o jovem não tivesse um alvo específico, querendo atacar os colegas de forma indiscriminada.

Em todo o caso, o suspeito queria imitar aquilo que acontece nas escolas norte-americanas, nas quais acontecem com alguma regularidade ataques deste género, uma vez que consumia de forma “maciça” informação sobre tiroteios nos EUA.

Como é que ocorreu a detenção?

O jovem foi detido, esta quinta-feira, em flagrante delito em casa, em Lisboa, onde tinha guardado as armas e os materiais com que levaria a cabo o ataque. Durante a detenção, o suspeito estava longe de imaginar que o seu plano cairia por terra. “Houve uma surpresa, embora depois da abordagem não se tenha mostrado surpreendido. A surpresa foi apenas pelo facto de a polícia saber”, contou fonte da PJ ao Observador.

Ao mesmo tempo, a sua casa na aldeia da Batalha de onde era natural estava a ser alvo de buscas.

“Será na sexta-feira presente a primeiro interrogatório judicial de arguido detido para sujeição à medida de coação tida por adequada”, informou, na quinta-feira, em comunicado a PJ, acrescentando que está “indiciado pela prática do crime de terrorismo”. Esta sexta-feira, foi deliberado que o jovem fica em prisão preventiva.

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Como é que interveio o FBI?

Segundo apurou o Observador, foi o FBI quem alertou a Polícia Judiciária há uma semana para algumas intenções alegadamente suspeitas do jovem, embora nunca o identificando. Apenas sinalizava possíveis intenções futuras e dados alegadamente conseguidos através de chats em que o suspeito comunicava.

O FBI referia que havia “um indivíduo com um determinado perfil, muito curto, que andava a consumir essa literatura e que publicou algumas citações que lhes pareceram serem perigosas”.

A polícia de investigação norte-americana terá também informado das ameaças que o jovem estudante enviou, bem como a consulta de sites de armas, os quais estaria a pesquisar na dark web

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Qual foi a intervenção da PJ?

A PJ começou por tentar identificar o nickname do jovem de 18 anos. Quando o descobriu (chamava-se “PsychoticNerd#6116”) e obteve as informações de que compraria uma arma, a PJ atribuiu a “máxima prioridade à investigação” para “interromper a atividade criminosa em curso”.

Depois, a PJ montou uma operação relâmpago, para confirmar os indícios. Depois disso, foi preciso aguardar pelos mandados de busca: “Logo que a polícia teve oportunidade e instrumentos legais para avançar, avançou”, apurou o Observador.

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O que vai acontecer agora?

O advogado e jurista António Pinto Pereira referiu que a acusação por terrorismo pode dar uma pena de prisão até 20 anos.

Depois de ter sido levado desde o Campus de Justiça para o Estabelecimento Prisional de Lisboa, o jovem de 18 anos foi transportado para o Hospital Prisional São João de Deus, em Caxias.

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A FCUL vai continuar com atividade normal?

A faculdade de Ciências comunicou esta quinta-feira que não há qualquer “indício” que aponte para a falta de segurança. Daí que os exames de recursos marcados ocorreram, na mesma, esta sexta-feira, assim como uma cerimónia de entrega de prémios.

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