Um tambor esculpido em calcário com cinco mil anos vai ser pela primeira vez exibido ao público esta semana.

Descoberto há seis anos no Reino Unido pela companhia independente de investigadores Allen Archeology, o tambor foi encontrado num túmulo que continha os restos mortais de três crianças e é considerado “o artefacto de arte pré-histórica mais importante encontrado no Reino Unido nos últimos 100 anos“, segundo a CNN.

Parte do espólio do Museu Britânico, o tambor milenar foi descoberto durante escavações de rotina na aldeia de Burton Agnes, em Yorkshire.

O artefacto, contudo, não serviria de facto para tocar música, mas sim como uma escultura que simbolizaria um tambor real. A curadora da exibição que começará no dia 17, Jennifer Wexer, explicou à CNN que esta descoberta é semelhante à de três outros tambores, em 1889, a cerca de 24 quilómetros de Burton Agnes.

Este tambor é particularmente intrigante, porque abrange basicamente uma espécie de linguagem artística que nós observamos nas ilhas britânicas neste período, e estamos a falar de há cinco mil anos”, explicou a curadora.

Pensava-se que os tambores encontrados no final do século XIX datassem de entre 2500 e 2000 anos Antes de Cristo, mas a datação por carbono dos restos das crianças que se encontravam no túmulo mostraram que o novo tambor, assim como os outros três, datam de entre 3005 e 2890 Antes de Cristo, mais 500 anos do que o calculado inicialmente.

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O ADN das crianças, segundo explicou a curadora, vai ser também alvo de análise para que se verifique se existiu algum tipo de parentesco entre as mesmas. A mais velha, com entre 10 e 12 anos na altura da morte, foi enterrada no centro, com o tambor disposto sob sua cabeça. Já as outras duas crianças, de seis a nove e três a quatro anos, foram colocadas cada uma ao lado do indivíduo mais velho, ambos de mãos dadas.

O escultura do instrumento musical milenar possuiu três buracos, que se pensa poderem ter que ver com a morte dos três jovens, e o instrumento fez-se acompanhar de uma bola de calcário e uma “baqueta” de osso.

A nova datação coloca, como explicou à BBC outro curador do Museu Britânico, Neil Wilkin, o tambor no mesmo período em que se construiu Stonehenge.

“Na meu ponto de vista, o tambor de Burton Agnes é ainda mais detalhadamente esculpido, e reflete as conexões entre as comunidades em Yorkshire, Stonehenge, Orkney e a Irlanda. As análises das suas decorações vão ajudar a decifrar o simbolismo e as crenças daquela era durante a qual o Stonehenge foi construído”, afirmou Neil Wilkin.