A oposição venezuelana solidarizou-se esta quinta-feira com os ucranianos após a ofensiva militar russa e condenou o apoio do regime de Nicolás Maduro ao que considera uma “injustificável e atroz” invasão da Ucrânia pela Rússia.
Expressamos o nosso apoio ao povo ucraniano e ao Presidente Zelensky após a injustificável e atroz invasão militar perpetrada pelo Presidente Putin apoiada pela ditadura de Nicolas Maduro”, adiantou a oposição venezuelana um comunicado divulgado em Caracas.
No documento, assinado pelo líder opositor Juan Guaidó, a oposição reconhece “a natureza indivisível e irrenunciável da soberania do povo ucraniano sobre o seu território” e condena “veementemente a agressão contra a Ucrânia”, considerando que “consterna e indigna as nações que amam a liberdade e se regem por princípios democráticos”.
Juan Guaidó enviou “palavras de encorajamento, e, acima de tudo, a nossa profunda admiração nestas horas difíceis” aos ucranianos, considerando que “têm demonstrado valentia e determinação para defender a sua nação, perante o autoritarismo global e os governos que procuram violar a sua soberania“.
A Venezuela não esquece a solidariedade do povo ucraniano. Hoje recordamos como em 2014, enquanto milhares de venezuelanos estavam nas ruas a defender a democracia, a nossa bandeira foi hasteada na Ucrânia e no meio da Maidan (praça da independência de Kiev)”, recorda o documento.
Segundo a oposição “o que está a acontecer na Ucrânia, e o apoio alarmante demonstrado pela ditadura venezuelana à decisão gravíssima tomada pela Federação Russa, é mais uma prova de que o regime de Maduro faz parte do catálogo internacional de autocracias que sem hesitação se apoiam mutuamente nos ataques contra as democracias do mundo livre“.
“Todos nós, que nos consideramos democratas em todo o mundo, devemos agir em conjunto: hoje é a Ucrânia, e ao mesmo tempo é a Venezuela, é a Nicarágua, é Cuba e é a Bielorrússia“, sublinhou.
O líder opositor expressou apoio ao Presidente da Ucrânia.
Saiba Presidente Zelensky, que pode contar comigo e com o povo venezuelano amante da liberdade, como aliados para defender o seu povo e a sua causa, que é também a nossa: a liberdade das nossas nações perante as ameaças sistemáticas colocadas pelo autoritarismo”.
O Presidente Nicolás Maduro manifestou em 17 de fevereiro apoio à Rússia perante as ameaças ocidentais.
“A Rússia conta com todo o apoio da República Bolivariana da Venezuela na luta que está a travar para dissipar as ameaças da NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte] e do mundo ocidental. A Rússia conta com todo o apoio para dissipar todas as ameaças e para que continue a ser um território de paz”, disse o Presidente Nicolás Maduro em Caracas, durante uma visita do vice-primeiro-ministro da Rússia, Yuri Ivanovich Borisov.
Segunda-feira, o vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (no poder), Diosdado Cabello, defendeu que “a Rússia tem todo o direito a defender a sua posição e o seu território“.
Em 13 de janeiro, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Serguei Riabkov, disse à televisão RTVI TV, não excluir a possibilidade de a Rússia enviar equipamentos militares para Cuba e para a Venezuela, perante o aumento da pressão dos EUA sobre a Rússia.
A Rússia lançou esta quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar em território da Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocou pelo menos meia centena de mortos, 10 dos quais civis, em território ucraniano, segundo Kiev.
O ataque foi de imediato condenado pela generalidade da comunidade internacional e motivou reuniões de emergência de vários governos, incluindo o português, e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), União Europeia (UE) e Conselho de Segurança da ONU.