A União Europeia da Radiodifusão (EBU, sigla em inglês) decidiu esta sexta-feira impedir a participação da Rússia no certame musical. Em comunicado, a organização indicou que a decisão se seguiu após uma recomendação do Grupo de Referência e que foi “baseada nas regras do evento e nos valores” da EBU.
“Esta decisão reflete a preocupação que, à luz de uma crise sem precedentes na Ucrânia, a inclusão da Rússia no concurso deste ano traria descrédito à competição”, referiu a EBU, que garantiu ser uma organização “apolítica” e “comprometida” com os “valores de serviço público”.
A EBU vai continuar “dedicada” a “proteger” os “valores de uma competição cultural”, promovendo o “intercâmbio” de culturas e “aproximando audiências”. Vai continuar ainda representar a “diversidade através da música” e a unir a Europa “num palco”.
A Estónia e a Finlândia já tinham prometido desistir se Moscovo enviasse um cantor para o concurso.
“O ataque da Rússia à Ucrânia é contrário aos valores que a Yle [televisão estatal finlandesa] e outros canais de países europeus defendem. A Yle defende sempre a democracia ocidental, o Estado de direito, a liberdade de expressão e a dignidade humana”, disse Ville Vilén, diretor do conteúdo criativo do canal finlandês, acrescentando que a Yle não podia “participar num evento em que a Rússia usa as melhores marcas europeias para avançar com os seus próprios interesses”.
A Estónia também desistiria se a Rússia participasse. No site oficial do canal estatal estónio ERR, um responsável da televisão, Erik Rosse, afirmou ser “inconcebível que a Estónia participe na Eurovisão numa situação em que a Rússia participa”. “Os nossos colegas de outros países bálticos aparentemente partilham esta visão.”
Na quinta-feira, a televisão estatal da Ucrânia (UA:PBC) exigiu à União Europeia da Radiodifusão (EBU, sigla em inglês) que a Rússia não participe na Eurovisão, argumentando que “as emissoras da Federação Russa, Chanel One e VDTRK, têm sido um porta-voz do Kremlin e uma ferramenta fundamental de propaganda política financiada pelo Estado russo”.
Nesse mesmo dia, a EBU anunciou que a Rússia podia continuar participar, indicando que o evento de música é “cultural” e “não-político”, apesar de a organização se encontrar “preocupada com os atuais acontecimentos na Ucrânia” e comprometer-se “a seguir de perto a situação”. No entanto, mudou agora de posição e impediu a participação russa.