Era a decisão mais consensual, era também a decisão mais difícil de tomar: FIFA e UEFA suspenderam as seleções e os clubes russos de todas as competições internacionais de forma indefinida, algo que deixa a Rússia automaticamente de fora do Mundial 2022.
“Todos os clubes russos e seleções nacionais estão suspensos da participação em competições da FIFA e da UEFA até informação contrária. Depois das decisões iniciais adotadas pelo Conselho da FIFA e pelo Comité Executivo da UEFA, que abriram a porta à adoção de medidas adicionais, a FIFA e a UEFA decidiram hoje em conjunto que todas as equipas russas, sejam seleções ou clubes, devem ser suspensas da participação nas competições”, pode ler-se no comunicado conjunto divulgado esta segunda-feira pelos dois organismos.
Na nota, a UEFA refere ainda que vai acabar com todas as parcerias com a Gazprom, a exportadora de gás russa. “A decisão tem efeitos imediatos e cobre todos os contratos existentes incluindo o patrocínio da Liga dos Campeões, das competições de seleções da UEFA e do Euro 2024”, pode ler-se. De recordar que Alexander Dyukov, presidente da Gazprom, é também o presidente da Federação Russa de Futebol e era até aqui membro do Comité Executivo da UEFA, num cargo cuja continuidade (ou falta dela) ainda não é conhecida.
FIFA and UEFA suspend Russian clubs and national teams from all competitions.
Full statement: ⬇️
— UEFA (@UEFA) February 28, 2022
A Rússia ia defrontar a Polónia nas meias-finais do playoff de acesso ao Mundial do Qatar, no próximo dia 24 de março, cruzando depois com a República Checa ou a Suécia em caso de vitória. O emparelhamento já estava em dúvida: todas as três seleções rejeitaram defrontar os russos, levando a FIFA a decidir que a equipa de Valeri Karpin teria de jogar em campo neutro, à porta fechada e sem o nome, a bandeira ou o hino nacional do país. As condições não foram suficientes para polacos e suecos, essencialmente, que garantiram desde logo que não iriam jogar contra a Rússia sob quaisquer circunstâncias.
A decisão da FIFA surge também na sequência do apelo do Comité Olímpico Internacional, que já esta segunda-feira recomendou que todos os atletas russos e bielorrussos fossem banidos das competições internacionais. Para além da seleção masculina, também a seleção feminina será afetada, já que já estava apurada para o Euro 2022 que vai decorrer em Inglaterra no próximo mês de julho, onde iria encontrar os Países Baixos, a Suécia e a Suíça na fase de grupos. No que diz respeito ao futsal feminino, Portugal ainda vai ver-se envolvido nas alterações de calendário: a Rússia era a adversária da Seleção na final four do Campeonato da Europa que decorre em Gondomar no final de março.
De recordar que, já esta segunda-feira, o jornal Bild adiantou desde logo que a UEFA iria afastar o Spartak Moscovo, a única equipa russa que ainda estava nas competições europeias, da Liga Europa. O clube, que até há pouco tempo era orientado por Rui Vitória, vai assim ser praticamente desclassificado da segunda prova europeia, motivando o apuramento automático do RB Leipzig de André Silva — que era o adversário do Spartak nos oitavos — para os quartos de final.
A exclusão da Rússia do playoff de acesso ao Mundial do Qatar abre a porta a três possíveis cenários: 1), a qualificação direta da Polónia para a final da repescagem, contra República Checa ou Suécia, tal como vai acontecer na Liga Europa com o RB Leipzig depois da eliminação do Spartak Moscovo; 2), a entrada da Eslováquia, terceira classificada do Grupo H em que a Rússia ficou em segundo, no playoff; ou 3), a entrada da Noruega, a melhor seleção a ficar no terceiro lugar da fase de grupos da qualificação, no playoff.
(artigo atualizado às 17h53 com a confirmação oficial, por parte da FIFA e da UEFA, da suspensão da Rússia de todas as competições internacionais)