Diversas associações de apoio a pessoas com deficiência mental criaram uma plataforma para ajudar refugiados da Ucrânia com necessidades a este nível, estimando poder ajudar cerca de 150 por todo o país, revelou esta quarta-feira à Lusa um dos promotores.
Segundo o coordenador do Movimento Cidadão Diferente (MCD), Miguel Azevedo, foram criadas “parcerias com várias associações, sendo que cada uma disponibiliza os serviços para que está preparada”, daí resultando “uma plataforma interna para que, quando chegarem os pedidos, possam acolher por área geográfica e por necessidade”.
No sentido de tornarem pública a oferta de assistência, o responsável do MCD revelou “já terem contactado o Centro Português para os Refugiados, a embaixada da Ucrânia em Portugal e algumas das associações que estão a enviar apoio” para aquele país no leste europeu.
“A nossa oferta vai desde o acolhimento em lares residenciais, ao apoio técnico, temos também assistentes sociais que podem apoiar com a documentação para garantir esse apoio enquanto cá estiverem, temos terapeutas ocupacionais e fisioterapeutas”, divulgou Miguel Azevedo.
O responsável acrescentou haver, entretanto, “centros de apoio à inclusão que estão a negociar com o Governo a possibilidade de expandir a sua oferta e, dessa forma, poder acolher as pessoas portadoras de deficiência, em particular as que têm deficiência mental“.
“Temos também envolvido o Desporto Adaptado, pois não queremos que quem chegue fique fechado num espaço. Vai funcionar através da secção de Desporto Adaptado do FC Porto que está disponível para fazer atividades de apoio a essas pessoas”, acrescentou Miguel Azevedo, que estima, à escala nacional, “poderem ajudar 150 pessoas“.
O esforço abrange também apoio técnico, com as entidades parceiras a comprometerem-se a “também fazer chegar material de apoio, como cadeiras de rodas, ou outro tipo de material mais específico” aos refugiados com deficiência.
“Estamos a criar esse banco de produtos de apoio. Não será material novo, mas usado, mas fará face às necessidades”, assinalou Miguel Azevedo, precisando que esse material “tanto pode ser utilizado por quem chega como o podem fazer chegar à Ucrânia”.
Fazem ainda parte da parceria a HUMANITAS — Federação Portuguesa para a Deficiência Mental, a ANDDI — Associação Nacional de Desporto para Desenvolvimento Intelectual, a AIA — Apoio e Inclusão ao Autista e a AADID – Associação dos Amigos das Deficiências Intelectuais e Desenvolvimentais.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar com três frentes na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamentos em várias cidades. As autoridades de Kiev contabilizaram, até ao momento, mais de 2.000 civis mortos, incluindo crianças, e, segundo a ONU, os ataques já provocaram mais de 100 mil deslocados e pelo menos 836 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, justificou a “operação militar especial” na Ucrânia com a necessidade de desmilitarizar o país vizinho, afirmando ser a única maneira de a Rússia se defender e garantindo que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional, e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas para isolar ainda mais Moscovo.