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"Jogadores russos, vão ficar sentados como idiotas e sem dizer nada?" Yarmolenko e Mykolenko pedem ação aos colegas da Rússia

Este artigo tem mais de 2 anos

Yarmolenko e Mykolenko, internacionais ucranianos que atuam na Premier League, pediram ação aos colegas de profissão russos. O segundo atacou diretamente o capitão da Rússia, Dzyuba, que já respondeu.

Ukraine v North Macedonia - UEFA Euro 2020 - Group C
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Yarmolenko, jogador do West Ham e um dos capitães da seleção da Ucrânia, vai estar fora dos relvados durante algum tempo

DeFodi Images via Getty Images

Yarmolenko, jogador do West Ham e um dos capitães da seleção da Ucrânia, vai estar fora dos relvados durante algum tempo

DeFodi Images via Getty Images

Nos primeiros dias da invasão da Ucrânia por parte da Rússia, o futebol uniu-se à onda de solidariedade que começou no mundo inteiro para com o povo ucraniano. A ovação a Yaremchuk na Luz, o abraço entre Zinchenko e Mykolenko antes da visita do Manchester City ao Everton e a camisola de Yarmolenko que a equipa do West Ham levou para dentro de campo para lembrar o avançado foram exemplos disso mesmo, de Portugal a Inglaterra. Mas agora, com o aproximar do fim da primeira semana de conflito, as posições começam a extremar-se também dentro do futebol — e até entre jogadores.

Nas últimas horas, num vídeo publicado nas redes sociais, o próprio Yarmolenko tornou-se um dos primeiros jogadores ucranianos a exigir uma reação aos colegas de profissão russos. “O meu nome é Andriy Yarmolenko, internacional ucraniano. Nasci em São Petersburgo mas cresci na Ucrânia e considero-me 100% ucraniano. Tenho uma pergunta para os jogadores russos: rapazes, por que é que continuam sentados como idiotas e não dizem nada? No meu país estão a matar as nossas gentes. Matam mulheres, matam mães, matam os nossos filhos. E vocês não dizem nada, não fizeram qualquer comentário”, atirou o avançado do West Ham, que foi dispensado durante alguns dias pelo clube inglês, a pedido, devido ao que se está a passar na Ucrânia.

“Por favor, digam-me o que aconteceria se estivéssemos todos juntos, unidos, a mostrar ao mundo o que realmente se está a passar no meu país. Conheço muitos de vocês e todos me diziam que não devia ser assim, que o vosso presidente estava a agir mal. Então, rapazes? Vocês que têm influência em muita gente, demonstrem essa influência. Por favor, peço-vos”, acrescentou o jogador de 32 anos que representou o Dínamo Kiev durante quase uma década.

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Já Mykolenko, o lateral do Everton que abraçou Zinchenko em pleno Goodison Park durante o fim de semana, foi um bocadinho mais longe. No Instagram, o internacional ucraniano dirigiu-se diretamente a Artem Dzyuba, o capitão da seleção russa que joga no Zenit. “Enquanto ficas calado, seu c…, juntamente com os teus colegas de m…, cidadãos inocentes estão a ser assassinados. Vais ficar preso na tua masmorra para o resto da tua vida e, mais importante do que isso, até ao fim da vida dos teus filhos. E estou feliz por isso”, escreveu o jogador. Entretanto, também nas redes sociais, Dzyuba respondeu a Mykolenko e a todos aqueles que têm colocado em causa a posição de responsabilidade que tem enquanto capitão russo.

“Até bem recentemente, não queria falar sobre este tema. Não porque tivesse medo mas porque não sou um especialista em política. Nunca e nem pretendo ser, ao contrário de um grande número de políticos e virologistas que apareceram recentemente na internet. Mas, como toda a gente, tenho a minha opinião. E como estou a ser atraído para este tópico, vou expressá-la: sou contra qualquer guerra. A guerra é assustadora. Mas também sou contra a agressão e o ódio entre humanos, que a cada dia ganham proporções transcendentes. Sou contra a discriminação com base na nacionalidade. Não tenho vergonha de ser russo, tenho orgulho. E não entendo o porquê de os atletas terem de sofrer agora”, atirou o avançado do Zenit, referindo-se ao facto e a FIFA e a UEFA terem afastado as seleções e os clubes russos por tempo indeterminado.

Mais à frente, Dzyuba atirou-se àquilo que entende como dualidade de critérios quando outros países cometem irregularidades. “Sou contra duplos padrões. Pode fazer-se tudo mas depois enforcam-nos como cães. Por que é que toda a gente fala sobre desporto fora da política mas, na primeira oportunidade e quando se trata da Rússia, toda a gente esquece esse princípio? Mais uma vez, a guerra é assustadora. Em situações de stress, as pessoas mostram a sua essência, que por vezes é negativa. Quanta raiva já foi derramada sobre todos os russos, independentemente da sua posição e profissão? Aos milhares de pessoas que escrevem insultos e ameaças — ponham-se na fila!”, continuou o internacional russo, terminando com uma mensagem de esperança que não deixou de ser uma farpa a Mykolenko e companhia.

“É estranho ouvir tudo isto de pessoas a quem a Rússia deu muito. Tudo isso só cria mais negatividade. A guerra vai terminar mas as relações humanas vão permanecer. E será impossível retroceder, lembrem-se disso. E, para todos aqueles que se sentam em mansões em Inglaterra e dizem coisas nojentas: isso não nos ofende. Nós entendemos tudo. Paz e amor a todos”, ressalvou Dzyuba.

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Outra das vozes que se insurgiu de forma mais veemente nas últimas horas foi Andriy Voronin, ucraniano que até aqui era adjunto do Dínamo Moscovo e que já chegou a acordo com o clube para rescindir contrato. “Continuaremos a lutar e vamos ganhar mas o preço será muito alto. Tantos mortos… Vivemos em 2022 e não na altura da 2.ª Guerra Mundial. Tenho amigos em Járkov, em Kiev, em Odessa, a minha cidade natal. Vou recebendo mensagens a cada cinco minutos, é difícil de aguentar. Quero ajudar com dinheiro ou com o que for possível. Não sei se deveria dizer isto mas, se estivesse na Ucrânia agora mesmo, provavelmente tinha uma arma na mão”, disse o antigo jogador em entrevista ao jornal Bild, acrescentando ainda muitas considerações sobre o presidente russo.

“Putin? Talvez queira estar nos livros de história mas, no máximo, vai estar como um criminoso. Quando vejo as fotos do meu país nas notícias é surreal, é como se fosse um filme. Um filme de terror. Não tenho palavras”, terminou Voronin, que enquanto jogador passou pelo Bayer Leverkusen, pelo Liverpool e pelo próprio Dínamo Moscovo.

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(artigo atualizado às 16h10 com a resposta de Artem Dzyuba às críticas de Mykolenko)

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