Contas feitas, a marcação das eleições para dia de jogo do futebol do Sporting em Alvalade e a estreia do Pavilhão João Rocha como “casa” do sufrágio contribuíram para minimizar aquilo que muitos já temiam que pudesse acontecer nas eleições dos leões: uma menor capacidade de mobilização para ir às urnas. E isso não teria a ver nem com os candidatos, nem com as propostas, nem com aquilo que aconteceu na campanha mas sim com dois fatores: 1) à semelhança do que acontece nas Assembleias Gerais Ordinárias que não tenham o contexto da última, onde foi reforçado a importância de fazer passar Relatórios e Contas e Orçamentos, bons resultados costumam significar menor adesão; 2) o vencedor era mais do que previsível.

Frederico Varandas reeleito presidente do Sporting por larga maioria de 85,8% dos votos

Foi por isso que, na análise dos resultados finais, houve mais uma dose da teoria “copo meio cheio, copo meio vazio”. E se é verdade que, como apontou Nuno Sousa após os resultados, houve uma abstenção que rondou os 75% entre os cerca de 54.000 associados que estavam em condições de votar, acabaram por ser 14.750 a participar neste sufrágio, 12.272 no Pavilhão João Rocha e os restantes no voto por correspondência. Em relação aos resultados, aí, ninguém teve dúvidas: Varandas esmagou a concorrência. Mais: o líder agora reeleito entrou no top 3 dos presidentes com mais votos, com mais votantes e com maior percentagem de vitória, neste caso apenas atrás de José Eduardo Bettencourt em 2009 (89,4%) e Bruno de Carvalho em 2017 (86,3%) olhando apenas para os atos eleitorais que tiveram mais do que um candidato a sufrágio.

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Eleições no Sporting. Sabe o que fez e o que ganhou cada presidente?

Votação por número de votantes (14.795) e de votos (75.184)

  • Frederico Varandas, lista A: 64.509 votos (85,8%), 12.523 votantes (84,64%)
  • Ricardo Oliveira, lista B: 2.216 votos (2,95%), 415 votantes (2,81%)
  • Nuno Sousa, lista C: 5.487 votos (7,3%), 1.335 votantes (9,02%)
  • Brancos: 2.952 votos, 513 votantes
  • Nulos: 20 votos, 9 votantes

No entanto, e apesar da expressão do triunfo alcançado este sábado, Frederico Varandas preferiu sobretudo destacar o sinal que foi deixado pelos associados nas urnas em relação ao trabalho feito no último mandato, recuperando também as últimas décadas para comentar aquilo que têm sido os problemas do clube.

“Hoje venceu a estabilidade no Sporting Clube de Portugal. Os sócios votaram pela estabilidade. Gostaria de recordar que está a fazer 40 anos desde a última vez que um presidente do Sporting cumpre um segundo mandato, estamos a falar em 1982 com o presidente João Rocha. Desde aí, o Sporting entrou num ciclo de instabilidade destrutiva. Foram 40 anos por muitas razões, mas o insucesso desportivo deveu-se à falta de estabilidade”, começou por referir nas primeiras declarações como presidente reeleito no auditório Artur Agostinho, onde falou tendo ao seu lado o mandatário e antiga glória do clube Júlio Rendeiro.

“Jamais alguém que diz a verdade ofende. Se quiserem, posso trocar bandido por corruptor ativo”, aponta Varandas

“Esta vitória de hoje não tem um nome, não é do presidente, não é dos órgãos sociais, é sim da estabilidade do Sporting Clube de Portugal. Há uns meses atrás, após uma Assembleia Geral, tinha alertado que o Sporting precisava de saber viver com essa estabilidade. Foram quatro décadas de autodestruição que muito condenou o sucesso desportivo. Podemos ter os melhores treinadores, formação, jogadores ou massa associativa mas se não houver estabilidade não teremos sucesso desportivo e acho que o Sporting e os sócios deram um passo de grande maturidade”, prosseguiu, numa ideia que foi buscar o período de João Rocha e esqueceu a fase de Sousa Cintra, que completou dois mandatos reeleito embora com apenas uma vitória no que toca ao futebol, com a conquista da Taça… uma semana depois da eleição de Santana Lopes, em 1995.

Dois minutos e meio de currículo, um debate e a recompra dos VMOC: a campanha de Frederico Varandas às eleições do Sporting

“Há três anos e meio prometemos uma coisa: deixar o Sporting melhor do que quando estávamos aqui. Essa missão está cumprida. Hoje, com 86% dos votos na nossa lista, a missão, apesar de ter sido eleito há três anos e meio com 42%, é a mesma: servir o Sporting. Vamos servi-lo com a mesma humildade do que quando fomos eleitos com 42%. Não há maior honra, vamos ter o maior espírito de missão, pensando sempre primeiro no clube. Sem ruído, a pensar no melhor. Não prometo títulos, prometo que daqui a quatro anos vamos entregar o Sporting melhor, é essa a missão”, salientou ainda no discurso inicial.

“Hoje é um dia histórico para o Sporting: o clube tem a maioria da SAD”, destaca Varandas

“Chegámos aqui com um Sporting saudável, um Sporting corajoso, um Sporting livre, um Sporting independente e um Sporting unido, não à volta de nenhum presidente ou da sua Direção mas de quem interessa, o seu clube”, conclui Frederico Varandas, antes de responder depois a algumas questões.