Cerca de 100 pessoas logo na abertura das urnas às 9h em ponto, 3.000 associados a passar pelo Pavilhão João Rocha nas três horas iniciais de sufrágio, poucos períodos em que a fila se tornava um pouco maior com fases em que chegar, votar e sair demorava apenas cinco minutos. As primeiras eleições do Sporting em dia de jogo do futebol, que coincidiam também com o primeiro sufrágio na casa das modalidades, o Pavilhão João Rocha, foram marcadas no seu arranque pelo clima de serenidade e sem o habitual ruído existente nos últimos atos eleitorais com longas filas que davam a volta ao Estádio José Alvalade. E foi nesse contexto que, ainda na parte da manhã, os três candidatos à liderança passaram pelo local para exercerem o seu voto.

Eleições Sporting. Votaram 3.000 sócios nas três primeiras horas, candidatos já votaram no João Rocha

O primeiro a chegar foi Nuno Sousa, da lista C. Na verdade, e através da sua conta oficial, o candidato já se tinha feito notar com algumas críticas “para memória futura”. “1) Sistema de votação eletrónico de 2009; 2) Diretor de IT com acesso direto à BD; 3) pass de 6 dígitos; 4) 4.500 votos por correspondência com 1.500 já invalidados sem que saibamos a razão. Começamos bem..”, começou por escrever. “Se reportar factos, incomoda alguns, pois afirmam que descredibiliza as eleições, talvez devessem pensar que o que descredibiliza são as más práticas incorridas, e não o reporte das mesmas. Cá vai outra: A entidade que desenvolveu o software é a mesma que está a auditar”, acrescentou uma hora depois.

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Mais tarde, e após exercer o direito de voto, Nuno Sousa falou da questão dos votos por correspondência e não ficou por aí nas “farpas” deixadas. “É pena que muitos sócios por correspondência não tenham recebido a tempo os seus boletins de voto, uma coisa que não pode acontecer. É uma supressão de votos, que vai deixar sportinguistas de fora. Muitos queriam participar e não podem. Estamos a deixar 15 mil a 20 mil sócios sportinguistas de fora deste ano e é uma pena que isso aconteça em 2022. Se Varandas tem estado costas voltadas com rivais? Não sei se está de costas voltadas, porque afinal de contas ainda parece que já deu o dito por não dito em relação ao que terá dito em relação a Pinto da Costa. Por outro lado, não o ouvi a dizer nada sobre Luís Filipe Vieira. “Timing do anúncio dos VMOC? Teve mil e tal dias para o resolver. Resolveu no último. É um timing peculiar mas se resolveu tanto melhor”, salientou o gestor.

“Hoje é um dia histórico para o Sporting: o clube tem a maioria da SAD”, destaca Varandas

“Os níveis de confiança estão no máximo. Estamos cheios de energia, muito contentes e muito orgulhosos da campanha que fizemos. A única dor que tenho é na garganta mas é por uma boa razão, por ter dado tantas entrevistas, ter ido a tantos Núcleos… É uma alegria. Espero os resultados que os sportinguistas queiram dar, a vitória, obviamente. Ninguém se apresenta nas eleições para perder. Uma grande vitória já foi conseguida, que foi o contacto com os sportinguistas e ver como eles anseiam por este tipo de contacto mais próximo, em que haja entrevistas. Varandas não foi aos órgãos de comunicação social e fez os mínimos olímpicos indo falar à Sporting TV, porque seria o cúmulo da deselegância se nem isso fizesse”, acrescentou.

Menos de uma hora depois, Frederico Varandas, com um traje mais descontraído antes de ir depois vestir o habitual fato para o encontro frente ao Arouca, chegou ao Pavilhão João Rocha. Cumprimentou os sócios com quem se foi cruzando, tirou algumas selfies, desceu a rampa de acesso ao recinto, deixou uma mensagem de apelo ao voto no canal do clube mas falou antes aos jornalistas presentes, não passando ao lado nem das críticas de Nuno Sousa, nem do processo de Pinto da Costa que vai mesmo a julgamento.

Dois minutos e meio de currículo, um debate e a recompra dos VMOC: a campanha de Frederico Varandas às eleições do Sporting

“Em relação ao processo eleitoral e a esse tipo de comunicações, já estamos habituados. Foram quatro anos de Assembleias Gerais com esse tipo de acusações. Sobre o processo eleitoral, é a mesma empresa externa que certifica este ato eleitoral, a Universidade do Minho, já o era no passado, o processo informático é o mesmo que já era em 2018 e só acho curioso nunca terem levantado problemas e agora que tudo se mantém na mesma é que levantam esse tipo de questões. Há uma coisa que as pessoas fazem muito mal que é insultar a inteligência dos sportinguistas”, começou por referir o atual líder leonino.

Queixa-crime de Pinto da Costa sobre Varandas por difamação e ofensas à honra vai a julgamento

“Em relação essa questão do processo de Pinto da Costa, jamais alguém pretende ofender alguém quando se diz a verdade. Apenas disse a verdade e essa não ofende. Se quiserem trocar a palavra, posso trocar bandido por corruptor ativo”, atirou, numa crítica inesperada em dia de eleições do clube.

Quase ao mesmo tempo de Frederico Varandas, Ricardo Oliveira, candidato da lista B, chegou ao Pavilhão João Rocha com alguns dos elementos da sua equipa. Numa primeira instância, salientou a importância de um ato democrático e que os resultados que surgirem ao final da noite possam colocar o clube num ponto de maior estabilidade institucional; depois, comentou o anúncio da recompra dos VMOC.

“Esta operação custa 30 milhões de euros. Não ficámos com as VMOC todas. Não é verdade que o Sporting comprou a totalidade das VMOC, ficou apenas com a parte que pertencia ao BCP. Não é verdade que fica com 84%. Ficará com 84% das que já converteram, não de todas que já existem. A minha solução acabava nisto: ficar com 62%, abdicando dos 25 que comprava na totalidade, só que fazia uma mais valia de 60 milhões de euros. Esse valor a mais ou 30 milhões de euros a menos… É fazer as contas. São 90 milhões de diferença. Vamos ver com o Sporting vai seguir com essa decisão à ultima da hora. Hoje é dia de haver união, teremos uma decisão, e desejo boa sorte a quem for o candidato vencedor. Estou confiante em ter passado o que devia aos sportinguistas. Apresentei o meu projeto, é a eles que compete a decisão. Com a minha liderança, haverá união e voz aos sócios. Os sócios têm, finalmente, hipótese de ter voz. Eles decidirão. Assim é o processo democrático”, frisou o gestor após ter também votado no Pavilhão João Rocha.