“A descoberta dos destroços [do Endurance] é uma conquista incrível. Concluímos com sucesso a busca mais difícil do mundo, lutando contra o gelo marinho em constante mudança, nevões e temperaturas abaixo dos -18ºC. Conseguimos o que muitas pessoas disseram ser impossível”.
Foi desta forma que o geógrafo polar e líder da missão, John Shears, festejou a descoberta dos destroços da embarcação que, há mais de um século, em 1915, o explorador Ernest Shackleton afundou na Antártida, citado pela BBC. No terreno há cerca de duas semanas, como conta o The New York Times, a equipa de arqueólogos marinhos anunciou a descoberta na madrugada desta quarta-feira, em comunicado.
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— Endurance22 (@Endurance_22) March 9, 2022
Com recurso a submarinos, operados remotamente, e ao quebra-gerlo sul-africano Agulhas II, a equipa de investigação da Falklands Maritime Heritage Trust (FMHT), detetou o navio de madeira a 10 mil pés de profundidade, no fundo do Mar de Weedek, a leste da Antártica.
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Captadas pelo fotógrafo Frank Hurley, as primeiras imagens da embarcação mostram-na praticamente intacta, apesar dos três mastros caídos e do convés danificado. “Sem qualquer exagero, este é o melhor naufrágio que eu já vi. [O Endurance] está em posição vertical no fundo do mar, quase intacto, e num estado impressionante de preservação”, relata o arqueólogo Mesun Bound, à BBC.
As marcas da tripulação que conseguiu escapar ao naufrágio também é visível. “Você pode até ver os buracos que os homens de Shackleton cortaram no convés para para salvar os mantimentos, usando ganchos de barco. Em particular, havia o buraco que eles cortaram no convés para entrar em “The Billabong”, a cabine que era usada para armazenar alimentos no momento em que o navio afundou”, relata ainda o arqueólogo que não esconde o assombro em relação a esta espécie de caça ao tesouro.
No mesmo sentido, a bióloga polar Michelle Taylor, da Universidade de Essex, destaca que “pouca deterioração da madeira” do navio. “O Endurance, parecendo um navio fantasma, é polvilhado com uma impressionante diversidade de vida marinha em águas profundas”, entre peixes, anémonas, estrelas e ouriços do mar.
Afundado há 106 anos, o Endurance entrou para a lista de naufrágios mais mediáticos da história depois de ser engolido pelo gelo, naquela que foi a primeira Expedição Transantártica da história e do currículo do britânico Ernest Shackleton.
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O explorador deixou o Reino Unido com uma tripulação de 27 pessoas em 1914 rumo ao — quase sempre congelado — Mar de Weddell, ponto de partida para uma expedição para atravessar a Antártida. Estávamos nos primeiros dias de 1915 quando o Endurance ficou preso a menos de 100 milhas do seu destino, acabando à deriva e esmagado lentamente pelo gelo que haveria de engoli-lo durante mais de 10 meses. Durante cinco, recorda o The New York Times, a tripulação assistiu ao naufrágio do lado de fora, num acampamento improvisado no gelo.