O líder do Chega definiu, este sábado, como “principal objetivo” da próxima legislatura fazer com o que o seu partido ultrapasse o PSD nas intenções de voto, para chegar às próximas legislativas como a única alternativa ao PS.

“O nosso principal objetivo, o nosso desejo, a força e tudo o que temos que pôr nela, é chegar ao próximo ato eleitoral legislativo, seja ele qual for, e os portugueses saberem que há apenas duas únicas opções para governar Portugal: o PS ou o Chega. Este tem que ser o nosso caminho, o nosso objetivo infalível e o nosso objetivo indestrutível!”, declarou André Ventura num discurso na segunda convenção de autarcas do Chega, que decorreu no Fórum Lisboa.

Na ótica do líder do Chega, “o PSD está em queda acelerada, a cada dia que passa ou dá um tiro no seu próprio pé ou no pé de um amigo seu”, devendo, por isso, o Chega ter como objetivo “ultrapassar o PSD nas intenções de voto”, para se tornar na “grande e única força de oposição ao PS”.

Perante os autarcas, André Ventura reconheceu que atingir o objetivo será “difícil” e irá “exigir muita dor”, mas sustentou que os militantes do partido foram “feitos para o sacrifício” por terem passado “décadas a sofrer por um país que se deixava amolecer e destruir”.

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“É isto que nos deve moldar a alma, e é isto que nos deve pegar com tudo, sugar a nossa energia até ao limite, não ter dor, nem cansaço, nem sacrifício, porque este país, e aqueles que antes de nós aqui estiveram (…) nos exigem que lutemos por este país”, gritou, perante os aplausos de pé da plateia.

Num discurso de cerca de 40 minutos, André Ventura aludiu, sem nunca as nomear diretamente, às dissidências de vereadores do Chega — durante as eleições autárquicas, o Chega elegeu 19 vereadores, mas tem atualmente 15, depois de quatro representantes terem passado a independentes.

Ventura considerou tratarem-se de “dores de crescimento” e afirmou que “aqueles que, pensando nas suas únicas e legítimas ambições, as colocam à frente do desígnio” de o Chega vir a formar Governo em Portugal, “não estão a prestar um bom serviço a este partido”.

Referindo-se assim aos casos de vereadores que aprovaram orçamentos municipais do PS, Ventura considerou que quem achar no Chega “que o PS governou bem ao longo dos últimos sete anos ou que governa bem qualquer Câmara Municipal, pode ser um ser humano espetacular, mas não é um militante do Chega espetacular”.

Considerando que os socialistas têm feito como “campanha fundamental” a “menorização”, “humilhação”, “ostracização” do Chega, Ventura instruiu os autarcas presentes a não aprovarem orçamentos socialistas nas Câmaras Municipais onde exercem funções.

“A nossa regra no poder autárquico tem que ser crescer, mas crescer com transparência, crescer com riscos, crescer com dor e crescer muitas vezes com problemas. Mas crescer sem nunca ceder nos valores que temos”, frisou.

Afirmando que, aquando da fundação do partido, em 2019, tinha estabelecido como objetivo formar Governo num prazo de oito anos, André Ventura considerou que ceder agora ao PS se assemelharia a “estar à beira do palácio” e agora decidir “parar” e falar com o “governador”.

“Falar com o governador do palácio e ver se nos aceitam receber no gabinete das carpetes e das janelas grande. Nós não queremos ser recebidos no gabinete das janelas nem das carpetes! Nós queremos ganhá-las com a nossa força, queremos ganhá-las pelo voto e queremos ganhá-la com a força da nossa capacidade de ser insurgentes!”, afirmou.