Pelo menos 35 pessoas morreram este domingo e 134 ficaram feridas num bombardeamento que ocorreu esta manhã numa base militar perto de Lviv, no oeste da Ucrânia, de acordo com as autoridades militares regionais ucranianas. A informação foi confirmada pelo governador militar da região de Lviv, Maxim Kozitsky, na plataforma Telegram: “Infelizmente, perdemos mais heróis: 35 pessoas morreram como resultado do ataque ao centro. Outras 134 estão no hospital com vários ferimentos.”
Um vídeo que está a circular nas redes sociais mostra o fumo espesso no céu de Lviv após o bombardeamento da base militar, que é a maior no ocidente da Ucrânia e frequentemente utilizada para exercícios conjuntos das tropas com a NATO.
O ataque russo contra o centro militar de treinamento próximo a Lviv, a menos de 20 km da fronteira c/a OTAN. 35 mortos e 134 feridos até agora. Foi o maior ataque russo e o mais próximo do território da OTAN desde o início da invasão. pic.twitter.com/rJjHlx8TF4
— Hoje no Mundo Militar (@hoje_no) March 13, 2022
Trata-se do ataque aéreo russo mais próximo da fronteira com a Polónia, um país que pertence à NATO. A distância entre o local do bombardeamento, Novoyavorivsk, e a fronteira ucraniana-polaca é de apenas 26 quilómetros. O alvo do ataque russo foi o Centro Internacional para a Manutenção da Paz e Segurança, um local usado para o treino militar de forças que costumam participar em operações das Nações Unidas.
According to Lviv Regional Administration:
“Russian Armed Forces shelled at least eight missiles at the International Center for Peacekeeping and Security military training base in Lviv Oblast this morning.”
????Lviv#StopRussianAggression#closeUAskyNOW
— MFA of Ukraine ???????? (@MFA_Ukraine) March 13, 2022
Dukhnych Vitalii, um jovem de 19 anos que vive perto do local atingido pelas forças russas, disse que “o céu noturno ficou vermelho” quando a base militar foi atacada. “Não conseguimos ouvir as sirenes de ataque aéreo nesta área. Acordámos quando ouvimos o som da primeira explosão e fomos para o bunker“, descreveu o estudante à BBC. O seu primo, de 25 anos, estava em exercícios militares no local atingido e ainda não foi encontrado.
Just 34 km from the @Nato borders! It's Novoyavorivsk town, Lviv region after severe night missiles attack! 9 people were reported killed and 57 wounded after this attack on a small town. pic.twitter.com/MmB4MrKPUJ
— Mykhailo Fedorov (@FedorovMykhailo) March 13, 2022
Nadin Berezovska, uma fotógrafa de 39 anos, também testemunhou o bombardeamento a partir do apartamento onde reside. Em declarações ao mesmo jornal, contou que “foi muito assustador” e que ficou “em choque”: “Agora apercebemo-nos que não interessa onde vivemos, não estamos seguros. Como pode a Polónia estar segura?”, questionou.
O presidente da câmara municipal de Lviv, Andriy Sadovy, cuja cidade se situa a cerca de 40 quilómetros da base militar, adiantou o mesmo balanço do bombardeamento russo contra o Centro Internacional para a Manutenção da Paz e Segurança. O Governador de Lviv anunciou que foram disparados mais 30 mísseis pelas tropas russas.
O representante do Ministério da Defesa da Ucrânia Oleksii Reznikov, condenou o ataque aéreo da Rússia ao Centro Internacional de Manutenção da Paz e Segurança, chamando-o de “ataque terrorista” à paz e à segurança.
“Este é um novo ataque terrorista à paz e segurança perto da fronteira UE-NATO“, tweetou Reznikov na sua conta oficial, acrescentando que “deve ser tomadas medidas para impedir isso”. O mesmo governante afirmou que ainda estão a tentar estabelecer contacto com os instrutores militares estrangeiros que se encontravam no local no momento do ataque.
Nine dead, 57 injured at the Lviv military base that was struck by Russian air missiles overnight, local authorities said Sunday.
Foreign instructors work at the military base about 12 miles from the Polish border, the Ukrainian defense minister said. https://t.co/K24Trg9Uw3— The Moscow Times (@MoscowTimes) March 13, 2022
Ao jornal britânico The Guardian, trabalhadores de emergência descrevem “um ataque com foguetes” e um número de mortos superior ao relatado, revelando que o episódio matou 20 pessoas.
O Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, falou sobre o bombardeamento e referiu, citado pela agência Reuters, que esta base estava a ser usada para armazenar equipamento militar entregue por outros países. “Como resultado do ataque, cerca de 180 mercenários estrangeiros e uma grande quantidade de armas foram destruídas”, indicou o mesmo porta-voz.
A Ucrânia, no entanto, já veio negar esta informação. À CNN, Markiyan Lubkivsky, porta-voz do Ministério da Defesa da Ucrânia, diz que se trata de “pura propaganda russa”. “Isso não é verdade. É pura propaganda russa”, disse o porta-voz, acrescentando que não há ainda confirmações de estrangeiros confirmados entre as vítimas mortais do ataque à base militar.
Segundo a CNN Internacional, esta é um grande base militar que realizou exercícios de treinamento com militares ocidentais, inclusive dos Estados Unidos. No outono passado, realizou o exercício militar Rapid Trident, um exercício militar multinacional ucraniano-americano, de acordo com a página oficial do Estado-Maior Geral das Forças Armadas da Ucrânia.