Pelo menos 35 pessoas morreram este domingo e 134 ficaram feridas num bombardeamento que ocorreu esta manhã numa base militar perto de Lviv, no oeste da Ucrânia, de acordo com as autoridades militares regionais ucranianas. A informação foi confirmada pelo governador militar da região de Lviv, Maxim Kozitsky, na plataforma Telegram: “Infelizmente, perdemos mais heróis: 35 pessoas morreram como resultado do ataque ao centro. Outras 134 estão no hospital com vários ferimentos.”

Um vídeo que está a circular nas redes sociais mostra o fumo espesso no céu de Lviv após o bombardeamento da base militar, que é a maior no ocidente da Ucrânia e frequentemente utilizada para exercícios conjuntos das tropas com a NATO.

Trata-se do ataque aéreo russo mais próximo da fronteira com a Polónia, um país que pertence à NATO. A distância entre o local do bombardeamento, Novoyavorivsk, e a fronteira ucraniana-polaca é de apenas 26 quilómetros. O alvo do ataque russo foi o Centro Internacional para a Manutenção da Paz e Segurança, um local usado para o treino militar de forças que costumam participar em operações das Nações Unidas.

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Dukhnych Vitalii, um jovem de 19 anos que vive perto do local atingido pelas forças russas, disse que “o céu noturno ficou vermelho” quando a base militar foi atacada. “Não conseguimos ouvir as sirenes de ataque aéreo nesta área. Acordámos quando ouvimos o som da primeira explosão e fomos para o bunker“, descreveu o estudante à BBC. O seu primo, de 25 anos, estava em exercícios militares no local atingido e ainda não foi encontrado.

Nadin Berezovska, uma fotógrafa de 39 anos, também testemunhou o bombardeamento a partir do apartamento onde reside. Em declarações ao mesmo jornal, contou que “foi muito assustador” e que ficou “em choque”: “Agora apercebemo-nos que não interessa onde vivemos, não estamos seguros. Como pode a Polónia estar segura?”, questionou.

O presidente da câmara municipal de Lviv, Andriy Sadovy, cuja cidade se situa a cerca de 40 quilómetros da base militar, adiantou o mesmo balanço do bombardeamento russo contra o Centro Internacional para a Manutenção da Paz e Segurança. O Governador de Lviv anunciou que foram disparados mais 30 mísseis pelas tropas russas.

O representante do Ministério da Defesa da Ucrânia  Oleksii Reznikov, condenou o ataque aéreo da Rússia ao Centro Internacional de Manutenção da Paz e Segurança, chamando-o de “ataque terrorista” à paz e à segurança.

“Este é um novo ataque terrorista à paz e segurança perto da fronteira UE-NATO“, tweetou Reznikov  na sua conta oficial, acrescentando que “deve ser tomadas medidas para impedir isso”. O mesmo governante afirmou que ainda estão a tentar estabelecer contacto com os instrutores militares estrangeiros que se encontravam no local no momento do ataque.

Ao jornal britânico The Guardian, trabalhadores de emergência descrevem “um ataque com foguetes” e um número de mortos superior ao relatado, revelando que o episódio matou 20 pessoas.

O Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, falou sobre o bombardeamento e referiu, citado pela agência Reuters, que esta base estava a ser usada para armazenar equipamento militar entregue por outros países. “Como resultado do ataque, cerca de 180 mercenários estrangeiros e uma grande quantidade de armas foram destruídas”, indicou o mesmo porta-voz.

A Ucrânia, no entanto, já veio negar esta informação. À CNN, Markiyan Lubkivsky, porta-voz do Ministério da Defesa da Ucrânia, diz que se trata de “pura propaganda russa”. “Isso não é verdade. É pura propaganda russa”, disse o porta-voz, acrescentando que não há ainda confirmações de estrangeiros confirmados entre as vítimas mortais do ataque à base militar.

Segundo a CNN Internacional, esta é um grande base militar que realizou exercícios de treinamento com militares ocidentais, inclusive dos Estados Unidos. No outono passado, realizou o exercício militar Rapid Trident, um exercício militar multinacional ucraniano-americano, de acordo com a página oficial do Estado-Maior Geral das Forças Armadas da Ucrânia.