A União Europeia (UE) justificou esta terça-feira a inclusão do oligarca russo Roman Abramovich na lista de indivíduos sujeitos a sanções no quadro da agressão militar russa à Ucrânia pelos “estreitos laços” com o Presidente russo, Vladimir Putin.

“Roman Abramovich é um oligarca russo, que tem há muito estreitos laços com Vladimir Putin. Tem tido um acesso privilegiado ao Presidente e mantido relações muito boas com ele. Esta ligação ao líder russo ajudou-o a manter a sua considerável fortuna”, lê-se no Jornal Oficial da UE, que publicou ao final da tarde desta terça-feira os detalhes do quarto pacote de sanções adotado pelo bloco europeu, que já se encontram assim em vigor.

O texto sublinha ainda que “Roman Abramovich é um dos principais acionistas do grupo siderúrgico Evraz, que é um dos maiores contribuintes da Rússia“, e “tem por isso obtido benefícios dos decisores russos responsáveis pela anexação da Crimeia ou pela desestabilização da Ucrânia”.

“É também um dos destacados empresários russos com atividade em setores económicos que representam uma fonte substancial de receitas para o governo da Federação Russa, que é responsável pela anexação da Crimeia e pela desestabilização da Ucrânia”, conclui o texto dedicado à individualidade mais ‘sonante’ incluída na lista de pessoas coletivas e individuais alvo de sanções pela UE.

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Corrupção, interesses e um sequestro: o documento de cinco páginas que explica como Abramovich fez fortuna

Após o acordo político alcançado na véspera pelos 27, o Conselho adotou esta terça-feira, formalmente, o quarto pacote de sanções económicas e individuais à Rússia devido à invasão da Ucrânia, que inclui medidas restritivas ao oligarca multimilionário Roman Abramovich, que tem passaporte português.

Em concreto, este quarto pacote inclui sanções a “importantes oligarcas, lobistas e propagandistas empurrando a narrativa do Kremlin [Presidência russa] sobre a situação na Ucrânia, bem como empresas estratégicas nos setores da aviação, militar e de dupla utilização, construção naval e construção de máquinas”.

Abrange, também, proibições a transações com certas empresas estatais russas, a prestação de serviços de notação de crédito a qualquer pessoa ou entidade russa e a novos investimentos no setor energético russo.

Ao mesmo tempo, são introduzidas mais restrições comerciais relativas ao ferro e ao aço, bem como aos produtos de luxo, e é alargada a lista de pessoas ligadas à base industrial e de defesa da Rússia às quais são impostas restrições mais rigorosas à exportação de bens.

A inclusão de Abramovich na lista de pessoas singulares e coletivas alvo de sanções do bloco europeu na sequência da agressão militar russa à Ucrânia – que passa agora a contemplar 877 pessoas e 62 entidades – coincide com a abertura de uma investigação em Portugal para comprovar se existem irregularidades na concessão da nacionalidade portuguesa ao empresário russo, por este ser descendente de judeus sefarditas.

Abramovich, proprietário do clube de futebol londrino Chelsea, já havia sido, entretanto, sancionado no Reino Unido, o que forçou a suspensão da venda do clube, anunciada pelo multimilionário pouco após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

O Canadá e a Austrália também decidiram impor-lhe sanções pela sua proximidade ao Kremlin.