A Frente Polisário defendeu esta sexta-feira que Espanha “está errada” e “sucumbiu à pressão e chantagem permanente de Marrocos”, ao aceitar a proposta marroquina de autonomia para o Saara ocidental como base para a resolução do conflito.
Segundo declarações do representante da Frente Polisário em Espanha, Abdulah Arabi, divulgadas pela Televisão Sarauí, “Marrocos tem exercido pressão de forma insistente com o único objetivo de tentar condicionar a posição do Governo de Espanha em relação ao Saara ocidental”.
Arabi disse ainda que se trata de uma posição que “não tem correspondência com a responsabilidade jurídica e política de Espanha” no conflito do Saara e que “a única solução possível” é aquela que o povo do Saara escolher.
O responsável da Frente Polisário em Espanha recordou que esta é uma questão que continua na agenda da ONU como um “processo de descolonização inacabado”, pelo que se trata de uma “questão de descolonização”.
“E o único fim de qualquer processo de descolonização é o livre exercício do direito do povo sarauí à autodeterminação“, frisou.
Abdulah Arabi assegurou que não é contra as boas relações entre Marrocos e Espanha, desde que não sejam “em detrimento das legítimas e justas reivindicações do povo sarauí”.
O primeiro-ministro espanhol considerou uma proposta para criar um Saara ocidental autónomo controlado por Rabat a iniciativa “mais séria, realista e credível” para solucionar décadas de disputa pelo vasto território, anunciou esta sexta-feira o palácio real de Marrocos.
Numa carta enviada ao rei Mohammed VI, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, reconheceu “a importância da questão do Saara para Marrocos” e que “Espanha considera a iniciativa de autonomia apresentada por Marrocos como base em 2007 a mais séria, realista e credível para solucionar a disputa”, indicou esta sexta-feira o palácio real marroquino em comunicado.
Espanha, que ainda é considerada a potência administrativa colonial do Saara ocidental desde que abandonou o território, em 1975, defendeu durante muito tempo que o controlo de Marrocos sobre o Saara ocidental era uma ocupação e que a realização de um referendo patrocinado pela ONU deveria ser a forma de decidir a descolonização do território.
Esta sexta-feira, confirmando a alteração da sua posição, o Governo de Madrid emitiu um comunicado anunciando o início de uma “nova fase” na relação com Marrocos, assente “no respeito mútuo, no cumprimento dos acordos, na ausência de ações unilaterais e na transparência e comunicação permanente”.
Segundo a nota divulgada pelo Gabinete Real marroquino, na sua missiva ao rei Mohammed VI, Pedro Sánchez destacou os “esforços sérios e credíveis de Marrocos, no quadro das Nações Unidas, para encontrar uma solução mutuamente aceitável” para a disputa com a Frente Polisário pela ex-colónia espanhola.
A aceitação por Espanha da proposta marroquina inaugura, assim, uma nova etapa que “avançará, tal como indicam os comunicados do Governo de Marrocos, através de um plano claro e ambicioso”, com o objetivo de “garantir a estabilidade, a soberania, a integridade territorial e a prosperidade dos dois países”, indica a nota da Moncloa.